Raphael Sousa, responsável pela Choquei, é investigado pela Polícia. Influenciador já disseminou fake news pró-Lula e contra adversários do petista| Foto: Reprodução Flow Podcast
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O perfil de entretenimento e ativismo político Choquei voltou a publicar normalmente posts de fofoca nesta sexta-feira (5), duas semanas após a publicação de prints falsos que alcançou milhões de seguidores e culminou no suicídio de uma jovem de 22 anos.

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De lá para cá, foram divulgadas pelo perfil duas notas como tentativa de justificar o episódio – as duas receberam checagem da comunidade da rede social X por trazerem novas alegações falsas em relação à conduta da Choquei no caso. A Polícia Civil de Minas Gerais iniciou uma investigação sobre a conduta dos responsáveis pela conta e pediu quebra de sigilo de perfis relacionados ao caso. O responsável pela Choquei, Raphael Sousa, prestou depoimento à Polícia Civil no dia 28 de dezembro.

Mas até o momento ninguém, seja da Choquei ou de outros perfis de fofoca que compartilharam as fake news, como o perfil Garotx do Blog, agenciado pela Mynd8, foi responsabilizado. Como mostrado pela Gazeta do Povo, o Supremo Tribunal Federal, que conduz o chamado “inquérito das fake news”, ignorou o caso e passados 14 dias da morte da jovem não informou se o perfil será incluído no inquérito.

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Quase a totalidade dos investigados no inquérito são críticos do STF e alinhados à direita política. Por outro lado, o dono da Choquei é próximo da primeira-dama, Janja da Silva, e usou sua influência nas redes sociais para apoiar a candidatura de Lula no ano passado. Janja chegou a enviar informações privilegiadas ao perfil durante o período eleitoral.

Como mostrou levantamento da Gazeta do Povo, nos últimos dois meses postagens com fake news da Choquei tiveram 40 milhões de visualizações. Agora, frente à impunidade manifesta no caso, o perfil voltou à publicação habitual das postagens como se nada tivesse ocorrido.

Entenda a polêmica envolvendo morte após fake news da Choquei

Em nota oficial, a Choquei confessou, na última quinta-feira (28), que compartilhou a notícia falsa que teria levado Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos, a cometer suicídio. O perfil admitiu ter replicado um conteúdo falso sobre supostas conversas que indicavam envolvimento entre a jovem e o humorista Whindersson Nunes.

Poucos minutos após a postagem do comunicado na rede social X, a "nota oficial" foi marcada por usuários como fake news, por afirmar que o conteúdo sobre Jéssica foi retirado do ar assim que a "falsidade foi descoberta". "É mentira que a página Choquei tenha retirado imediatamente o post ao saber que era mentira. A página manteve o post no ar por dias, mesmo com uma Nota da Comunidade alertando sobre a fake news", diz a checagem.

No sábado (23), o perfil havia divulgado uma primeira nota sobre o caso em seu perfil do Instagram, assinada pela advogada Adélia Prado. Na ocasião, a página afirmou que não houve “qualquer irregularidade na divulgação das informações prestadas”. Entretanto, no mesmo dia, a advogada deixou o caso e disse que não representaria a Choquei judicialmente.

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Jovem denunciou ataques e foi ironizada por dono da Choquei

Depois de ter o nome vinculado ao comediante, Jéssica usou suas redes sociais para denunciar os ataques que vinha sofrendo. “Vocês estão falando da minha aparência, da minha classe social, xingando minha família, ameaçando, me chamando de interesseira, me comparando com as ex’s dele… Vocês não sabem como está o psicológico de quem está recebendo os xingamentos e as ameaças”, disse a jovem no Instagram.

O responsável pela Choquei, Raphael Sousa, chegou a comentar na publicação feita por Jéssica e fez piada sobre o desabafo postado pela jovem. “Avisa para ela que a redação do Enem já passou. Pelo amor de Deus!”, disse Sousa. As postagens sobre o caso foram apagadas. A mãe de Jéssica chegou a fazer um apelo para que os ataques à filha cessassem e afirmou que a jovem sofria de depressão.

Raphael Sousa já disseminou fake news pró-Lula e contra adversários do petista

Sousa é próximo à primeira-dama Rosângela Silva, a Janja. Após o resultado das eleições no ano passado, ele recebeu convite dela para subir no carro de som oficial da equipe de Lula e acompanhar o discurso da vitória do petista. Janja, que desde o período eleitoral costuma manter um trabalho de aproximação com influenciadores de esquerda para viabilizar apoio ao governo, chegou a enviar conteúdos exclusivos para a Choquei durante a disputa eleitoral.

Com a divulgação nas redes sociais de notícias com um claro viés editorial pró-Lula, Raphael Sousa contribuiu muito para a campanha petista. No período eleitoral, a conta sempre esteve entre aquelas com maior repercussão em temas eleitorais.

Em entrevista ao Flow Podcast no ano passado, o dono da página reconheceu que sua atuação ajudou a eleger o atual presidente e afirmou que todos os colaboradores da empresa eram pró-Lula, mas que o trabalho de apoio ao petista tinha a ver com o fato de o influenciador ser contrário a Bolsonaro.

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Apesar disso, o proprietário do perfil se aproximou mais do presidente após o início do novo mandato e mantém na internet a cruzada de defesa do governo a qualquer custo, o que inclui a disseminação de fake news pró-Lula, como mostrado pela Gazeta do Povo.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que era ministra dos Direitos Humanos na gestão Bolsonaro, declarou nesta quarta-feira (5) que já foi alvo de diversas fake news vindas da Choquei e de outros perfis ligados à agência Mynd8.

Em uma delas, que alcançou mais de 2 milhões de seguidores, a Choquei afirmou falsamente que quando era ministra, Damares pediu que Bolsonaro vetasse a entrega de leitos de UTI e de água potável a indígenas.

“As verdades sobre esses blogs espalhadores de mentiras e histórias mal contadas finalmente vêm à tona. Sofri muito com esses ataques coordenados nos últimos anos. Será que a resposta das instituições que supostamente combatem ‘fake news’ será a mesma?”, questionou a senadora.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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