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Os policiais militares de Brasília que aderiram à "operação tartaruga" resolveram encerrar o movimento a partir desta segunda-feira (3). Os PMs acataram a decisão do Tribunal de Justiça do DF, que considerou a operação ilegal e determinou seu encerramento, sob pena de multa de R$ 100 mil por dia em caso de descumprimento.

Segundo o vice-presidente da Aspra (Associação de Praças e Bombeiros Militares do DF), sargento Manoel Sansão, os agentes voltarão a atuar nas ruas de Brasília, mas em operação padrão. Segundo ele, isso significa que os PMs atuarão estritamente seguindo as normas da corporação mas sem prestar serviços extras, como normalmente acontecia. "Vamos fazer uma abordagem geral em todo o DF contra a criminalidade. Todo mundo vai ser revistado e a Polícia vai estar nas ruas", disse.

Apesar de acatar a decisão judicial, o sargento afirmou que a associação irá recorrer e caso a Justiça mude seu entendimento e desconsidere a "operação tartaruga" como ilegal, os PMs que aderiram ao movimento poderão voltar a atrasar os atendimentos à população e deixar de registrar ocorrências.

"Nós vamos recorrer porque a nossa luta é legal. O governo precisa dialogar e negociar o reajuste salarial. Ele precisa cumprir as 13 promessas que fez na campanha, em 2010", disse Sansão. As associações de policiais que apoiam o movimento foram notificadas oficialmente sobre a decisão na tarde de hoje.

No dia 7 de fevereiro, os PMs que integram a associação irão se reunir para definir os rumos das reivindicações. "Vamos encerrar a operação mas não vamos desistir das nossas reivindicações. Queremos isonomia salarial e não vamos abrir mão disso", afirmou Sansão.

Na madrugada da última sexta-feira, a desembargadora do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, Nilsoni de Freitas Custódio, determinou que os policiais militares suspendessem a "operação tartaruga", sob pena de multa de R$ 100 mil por dia em caso de descumprimento.

Violência

No último fim de semana, a capital do país registrou 12 mortes violentas, sendo que 10 delas aconteceram só no domingo.

Só em janeiro, foram registrados 73 homicídios e 5 latrocínios, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública do DF. Os números revelam um aumento de 49% dos casos em relação ao mesmo período do ano passado.

A média de homicídios aos fins de semana no mês foi de 3,6 mortes. Mas houve um aumento ao longo do período. No primeiro fim de semana, foram quatro assassinatos, no segundo, foram seis, no terceiro, também seis e no último, foram 13.

A negociação com os PMs está agora a cargo do comandante-geral da corporação, Anderson Carlos de Castro Moura. O governador Agnelo Queiroz (PT), afirmou na semana passada que não irá dialogar com policiais que aderiram à operação sem que as atividades voltem ao normal.

Para Sansão, o governador está sendo omisso ao não assumir as negociações. "O comandante não tem competência para negociar reajuste porque ele é subordinado ao governo. Esperamos que o próprio governador negocie com a gente. Somos funcionários do Estado", disse.

A categoria reivindica reajuste de 66,8%, reestruturação de carreira e reposição de perdas. Os PMs do DF recebem o segundo maior salário para a categoria no país, atrás apenas do Paraná.

De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, enquanto no Rio Grande do Sul o salário bruto de um soldado é de R$ 1.375,71, no Distrito Federal o valor chega a R$ 4.122,05, uma diferença de 200%. No Paraná, o salário é de R$ 4.838,98.

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