"Este crime mudou minha vida", diz amigo da vítima
Um jovem de 17 anos que estava com Lucas Carvalho no dia do crime esteve na Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) nesta quinta-feira (16) e reconheceu dois dos skinheads identificados pela polícia. Assustado, o rapaz também recontou como escapou do atentado.
Segundo o rapaz, após a perseguição, ele e Carvalho acabaram se separando dos amigos. Eles foram acuados pelos skinheads atrás de um carro, estacionado próximo ao Cemitério Municipal. Um dos agressores conseguiu pegá-lo pelo braço, enquanto outro desferiu um golpe de faca, que pegou de raspão.
"Depois disso, o Lucas [Carvalho] empurrou um deles e disse: corre, corre. Eu fugi e achei que ele estava atrás de mim. Mas quando olhei para trás, não o vi mais", relatou o garoto.
O adolescente também acredita que o grupo pode ter sido atacado pelos skinheads por engano, porque alguns dos jovens trajavam roupas pretas e coturnos, indumentária atribuída aos punks. "Passar por tudo isso é muito difícil para mim. Eu estava junto com ele e acabou sendo morto. Este crime mudou a minha vida. Tenho medo de andar na rua e de ser pego por eles [skinheads] novamente", disse.
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A polícia vai pedir a prisão preventiva de três acusados de integrar um grupo de skinheads que perseguiu e matou Lucas Augusto Carvalho, de 18 anos, no dia 5 de setembro em Curitiba. Os membros da facção foram identificados pela Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), que divulgou imagens dos acusados: Gabriel de Oliveira Cata Preta, de 18 anos, Fernando Santana, de 28 anos, e Carlos Rodrigo Túlio Saraiva, de 27 anos.
Na semana passada, a Gazeta do Povo divulgou imagens das câmeras de segurança do Shopping Muller, que flagraram o instante em que os skinheads se reuniram em frente ao estabelecimento. A partir da divulgação das imagens, a polícia levantou a identidade dos suspeitos.
Cata Preta (que aparece na foto usando boina) foi denunciado à polícia pela própria mãe, que reconheceu o filho nas imagens divulgadas pela Gazeta. Depois disso, o rapaz teria fugido para a cidade de São Paulo, onde estaria escondido. "Ela confirmou que o acusado é um skinhead. Em outra oportunidade, ele teria fugido de casa e foi encontrado pela mãe em uma residência onde viviam vários integrantes de uma destas facções", disse o delegado Vinícius Martins, responsável pelas investigações.
Morto por engano
De acordo com a polícia, Carvalho foi assassinado porque foi confundido com um punk que dois meses antes teria atacado um grupo de skinheads. Cata Preta teria sido uma das vítimas deste atentado e teria levado uma facada dos integrantes do grupo rival. "Entretanto, as investigações apontaram que Carvalho não era punk e que foi morto por engano", apontou o delegado titular da DFR, Silvan Rodney Pereira.
Um dos acusados, Saraiva chegou a ser detido e prestou depoimento na delegacia. Segundo a polícia, ele confirmou que integrava o grupo de skinheads, mas negou que tenha participado do assassinato de Carvalho. Entretanto, dois rapazes que estavam com a vítima no dia do crime reconheceram o acusado como um dos que participou da perseguição. Como não houve flagrante, Saraiva foi liberado.
O outro acusado, Santana, trabalha em um estúdio de tatuagens próximo ao Shopping Muller. No local, a polícia encontrou o computador dele, que continha diversas imagens alusivas aos skinheads. O acusado já tem passagem pela polícia, por tráfico de drogas.
Contribuição da sociedade
Outras nove pessoas que podem ter envolvimento com o crime ainda não foram identificadas. Nas imagens da câmera de segurança do shopping, aparecem dois homens que foram identificados como "Girino" e "Sapo", além de seis integrantes de um grupo que moram em Piraquara, na região metropolitana. A polícia conta com informações que podem ser repassadas anonimamente pelos telefones 181 e (41) 3218-6100.
Crime
Lucas Carvalho e outros cinco amigos haviam ido ao Shopping Muller no dia 5 de setembro. Por volta das 19h15, o grupo deixou o local, quando passou a ser perseguido por pelo menos dez homens, supostamente skinheads entre os quais os sete que aparecem nas imagens. Eles correram por quatro quadras, até Rua Inácio Lustosa, no São Francisco, quando se separaram.
Carvalho e outro amigo fugiram em direção ao Cemitério Municipal, onde cada um foi para um lado. Os perseguidores alcançaram Carvalho, que foi atingido por cinco facadas quatro no abdome e uma na perna. Os agressores fugiram, levando a carteira e o celular da vítima. Carvalho morreu no hospital.
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