Rio de Janeiro tem 3.171 desalojados e desabrigados pelas chuvas
O boletim divulgado no fim da tarde deste domingo (6) pelo governo sobre as vítimas das chuvas no estado informa que os desalojados das chuvas no estado são 2.465 e 706 os desabrigados
Com a melhora no tempo neste domingo (6), as águas da enxurrada de quinta-feira () estão baixando e as cidades atingidas fazem a limpeza das áreas mais castigadas pelas inundações. A preocupação agora é com as doenças que podem vir com as enchentes, como a leptospirose, hepatite A e dengue.
Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, região mais afetada pelo temporal, a Secretaria Municipal de Saúde montou 11 pontos de apoio para que a população receba atendimento médico, segundo a diretora do Departamento de Atenção à Saúde da secretaria, Sandra Fernandes.
"Na área da assistência, nós estamos com 11 pontos de apoio, fazendo vacinação, curativo, distribuição de medicamentos para doentes crônicos, estamos fazendo também ações de vigilância epidemiológica, distribuição de hipoclorito, orientação para prevenção de leptospirose, desratização e combate à dengue", disse.
O hipoclorito de sódio é utilizado para desinfectar a água para o consumo humano e deve ser aplicado na proporção de duas gotas para 1 litro de água. Sandra destaca também que a vacina antitetânica só é necessária para quem está com a vacinação atrasada e teve ferimento.
O médico infectologista Edimilson Migowski, diretor do Instituto de Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), alertou sobre os riscos de doenças causadas em situações de inundações.
"O primeiro risco é a questão da leptospirose, uma bactéria que penetra pela pele, proveniente da urina de rato, cães, animais de grande porte que ao urinar nos ralos, nas ruas, a água lava e remove essa urina. A bactéria tem o formato de um saca-rolha. Ela tem a penetração ativa na pele, mesmo que a pele esteja sem qualquer tipo de ferimento", declarou. O professor lembra que o risco de contrair a doença e a gravidade aumentam conforme a pessoa fica mais tempo exposta à água contaminada ou à lama. A recomendação é se proteger, usando luvas e botas de borracha ou sacos plásticos, além de fazer uma boa higiene logo depois da exposição à água. Migowski ressalta que, nos pés, os sacos devem ser usados como meias, com o sapato por cima, para evitar qualquer contato da pele com a água suja.
De acordo com o médico, a leptospirose se manifesta cerca de uma semana depois da exposição à água contaminada e a doença pode ser branda, se confundindo com uma gripe, podendo chegar a infecções graves.
"A leptospirose se manifesta com uma febre alta, dor no corpo, dor muito forte, dor muscular, também os olhos ficam amarelados. Essa bactéria se confunde um pouco com a hepatite, mas ela pode dar lesão pulmonar, lesão renal e levar para uma pneumonia grave, além de insuficiência renal, a ponto da pessoa precisar de hemodiálise para poder se manter vivo".
Como o diagnóstico pode se confundir com o da hepatite A, Migowski destaca a importância de a pessoa informar ao médico se manteve contato com água de inundações. Ele alerta também que o tempo de manifestação dos sintomas é diferente, indo de 15 a 50 dias, no caso da hepatite A, e de uma a duas semanas, no caso de leptospirose. As doenças diarreicas também aparecem em pessoas que mantiveram contato com água suja.
A Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de Saúde vai analisar a água dos abrigos em Duque de Caxias e Angra dos Reis, para evitar a transmissão de doenças. Também vai colaborar com a capacitação das equipes municipais para identificação precoce das doenças e, após as águas baixarem, serão enviados os voluntários do projeto Guerreiros contra a Dengue, que ajudarão na limpeza dos locais e na identificação e eliminação dos focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.
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