Renan Calheiros deixa Senado sem receber manifestantes
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deixou o prédio do Congresso Nacional na noite desta quinta-feira (20) sem se reunir com líderes da manifestação que reúne, em frente à sede do Legislativo, cerca de 20 mil pessoas. Renan disse que esperou o grupo para dialogar, mas não houve a identificação de líderes para discutir uma pauta de reivindicações com o Congresso.
O senador seguiu para a residência oficial do Senado, onde mora, para acompanhar à distância o desenrolar da manifestação. Renan deixou o prédio por uma saída lateral, distante da entrada principal do Congresso - onde se concentra a manifestação.Segundo Renan, o parlamento brasileiro precisa estabelecer uma "nova agenda" em consequência dos protestos. "A maior demonstração de humildade que o parlamento pode dar como Casa do povo é estabelecer uma nova agenda em função das manifestações", afirmou.
Renan disse que o Congresso continua "aberto ao povo" e a política deve ser "reinventar sempre" para atender aos desejos da população. "Quando ela não se reinventa, você desfaz a utopia. E nada pode viver sem utopia".
Renan e o deputado André Vargas (PT-PR), presidente interino da Câmara, acompanharam por mais de duas horas a manifestação dentro do Congresso. Vargas disse que a determinação do comando do Legislativo foi manter a "serenidade" do protesto, sem o uso da força. O deputado deixou claro, porém, que o Congresso não vai admitir a invasão ao prédio ou às cúpulas da Câmara e do Senado.
Após ação da Tropa de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal, os manifestantes agrupados diante do Congresso Nacional, em Brasília começaram a dispersar. Por volta das 22 horas, bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas contra o grupo concentrado no gramado, que se espalhou pela Esplanada dos Ministérios.
Veja fotos do protesto em Brasília
Mais cedo, um grupo de manifestantes conseguiu furar o bloqueio policial e invadiu o Palácio do Itamaraty. O pequeno grupo conseguiu chegar ao segundo andar do prédio e outros manifestantes ocupam o espelho d'água em frente ao Itamaraty. Alguns se posicionaram em cima da escultura denominada Meteoro que fica no local. Os manifestantes correram na direção do Itamaraty logo após a Polícia Militar soltar bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. Pelo menos 31 pessoas ficaram feridas, segundo o Samu.
Os manifestantes chegaram a colocar fogo em uma das entradas da sede do Ministério das Relações Exteriores. A polícia usou bombas de gás lacrimogênio e gás pimenta para evitar a invasão de um dos prédios considerado símbolo de Brasília. O foco de incêndio foi rapidamente debelado.
Pressão
A pressão sobre os policiais teve início no fim da tarde, depois de duas horas de manifestação sem conflitos na cidade. Um grupo de manifestantes forçou a barreira policial montada na entrada do Congresso, iniciando um confronto com a Polícia Militar, que mantinha posição para impedir o avanço do grupo.
Os manifestantes passaram então a atirar artefatos explosivos contra as dezenas de policiais. As bombas limitaram-se a produzir um forte barulho e ninguém ficou feridos. Também houve registro de empurrões nos PMs para tentar furar a barreira. Alguns policiais reagiram com gás de pimenta e golpes de cacetete.
Um outro grupo de manifestantes, que buscava evitar confronto, sentou-se no chão, em repúdio à atitude dos que atiravam as bombas.
Para reforçar a segurança, a Câmara restringiu o acesso da imprensa ao interior do Congresso pela entrada da chapelaria, a principal da Casa.
Policial ferido
Um cabo da Polícia Militar foi ferido com um golpe de mastro de bandeira por um dos manifestantes. Ele foi levado do Centro Médico da Câmara dos Deputados para realizar um exame de tomografia. Segundo relato de outro policial, o PM W.Silva, de 35 anos, usava capacete quando foi atingido e, apesar da proteção, foi socorrido desacordado.
Ainda de acordo com os policiais, o manifestante reagiu após a PM jogar spray de pimenta no grupo. Com o rosto coberto, o manifestante se aproximou e golpeou o policial. Silva, que já havia respirado gás lacrimogêneo e aparentemente já não estava bem, caiu desacordado.
Sem identificação
Parte dos policiais militares que acompanham a passeata dos manifestantes na tarde desta quinta-feira estava sem identificação com nome e patente no colete. Questionado pela reportagem, um sargento disse que não estava identificado "porque não quer".
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