O delegado-chefe da Divisão de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) Fábio Amaro afirmou que pedirá um exame complementar no sangue do adolescente de 16 anos, que foi assassinado dentro do Colégio Estadual Santa Felicidade (Safel), em Curitiba. O crime ocorreu durante o auge das ocupações das escolas, no fim de outubro deste ano. A afirmação foi feita logo após uma solenidade oficial de entregas de equipamentos para as polícias.
A informação divulgada pelo delegado vem à tona após um laudo do Instituto de Criminalística não detectar drogas no sangue do jovem, o que contradiz afirmação da época do secretário da Segurança Pública, Wagner Mesquita. Logo após a solução do crime, Mesquita afirmou que os dois jovens haviam consumido droga sintética. O laudo, de 3 de dezembro, foi publicado pela mãe do adolescente na rede social Facebook e rebate tal afirmação.
O documento mostra que não foram detectados álcool etílico, cocaína, antidepressivos, anticonvulsionantes, analgésicos, benzodiazepínicos ou nerolépticos, nem “a presença de anfetaminas e metanfetaminas (como o ‘ecstasy’)”.
Ginástica explicativa
Para Amaro e para o secretário, no entanto, não houve contradição nem precipitação na divulgação daquela informação. “O que o laudo indicou foi que não houve uso e não foi possível comprovar o uso de duas drogas sintéticas”, afirmou Mesquita. De acordo com ele, suas informações foram baseadas nos depoimentos de três testemunhas e do autor. “Não sou eu secretário quem diz. Não há contradição”, disse.
Segundo o secretário, há centenas de novas drogas sintéticas, modificadas rapidamente todos os dias. Portanto, o próprio Instituto de Criminalística teria dificuldade de atualizar seus equipamentos para detecção do delas.
O delegado Amaro ressaltou ainda que há vários tipos de substâncias, que nem sempre são detectáveis. “Jovens que participavam da ocupação relataram que a vítima disse que teria uso ácido lisérgico. Não tínhamos como esconder dos senhores da imprensa. O autor também falou que teria dividido uma bala com a vítima”, afirmou o delegado.
No local do crime não foi encontrado nenhum vestígio de droga. No sangue do jovem considerado autor do crime foi detectado rastro de maconha.
O advogado da família, Jorge Luiz Fenianos, explicou que se o adolescente usou ou não droga não muda o fato de haver falta de negligência do estado naquela escola em razão da falta de segurança. Segundo Fenianos, mesmo assim, a família pretende responsabilizar quem disseminou a informação sobre o suposto consumo de droga pelo jovem.
Solenidade
Antes da entrevista coletiva, Mesquita entregou 865 pistolas 9 milímetros, da marca Glock, para as polícias Civil e Militar. A entrega das pistolas da marca austríaca é simbólica para as corporações, que têm sofrido com falhas constantes das armas do fornecedor nacional.
Além das pistolas, por meio de convênio firmado com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), o Paraná recebeu 22 viaturas, um micro-ônibus, 200 coletes balísticos, 70 pistolas calibre 40, carabinas, equipamentos de proteção respiratória, munições, e diversos outros equipamentos, avaliados num total de R$ 951.687,00.
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