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A Polícia Militar cumpriu na manhã de hoje (12) a reintegração de posse do prédio na reitoria da USP (Universidade de São Paulo). O local estava ocupado pelos estudantes desde o dia 1º de outubro.

Cerca de 50 policiais da Tropa de Choque chegaram à universidade às 4h45 e a reintegração de posse teve início por volta das 5h. A ação da polícia durou cerca de 40 minutos.

Segundo a assessoria de imprensa da USP, quando os policiais chegaram à universidade para cumprir a reintegração, a maioria dos estudantes tinha deixado o prédio.

Apesar de não ter ocorrido confrontos, dois estudantes foram detidos, de acordo com a USP.

Segundo a USP, em uma vistoria rápida foi constatado que as portas internas da reitoria estavam danificadas e que houve furto de equipamentos como máquinas fotográficas, tablets e computadores.

O cenário dentro da reitoria da USP é de completa destruição. De acordo com a assessoria da universidade, funcionários fazem hoje um levantamento sobre o prejuízo, que ainda não pode ser calculado. De acordo com a USP, vários equipamentos, como computadores, mesas e cadeiras, sumiram. Há vários paredes e objetos pichados e salas que estão completamente vazias.

Para a USP, a destruição ocorrida foi pior do que a que aconteceu na invasão da reitoria ocorrida em 2011. Naquela ocasião, estudantes que haviam invadido o prédio foram retirados pela Tropa de Choque e acomodados em três ônibus da PM e levados para a delegacia.

Os estudantes contestam a versão da universidade e dizem que a danificação do prédio e o furto de equipamentos só pode ser comprovado com uma vistoria comum com os dois lados participando.

A diretora do DCE (Diretório Central dos Estudantes), Arielli Tavares, 23, disse que o movimento sempre foi contra danificar o patrimônio, mas o que ocorreu na reitoria foi por conta da USP deixarem os estudantes sem água e luz no prédio nos primeiros dias da ocupação e por demorar para negociar com os estudantes.

Uma das principais reivindicações dos estudantes é escolher os próximos reitores por meio de eleições diretas.

Ocupação

A reitoria foi ocupada no dia 1º de outubro por um grupo de estudantes que pede mais autonomia no processo eleitoral para a escolha do novo reitor da universidade.

Para entrar no local, os universitários quebraram parte de uma porta. Eles estavam no saguão e tentaram entrar na sala onde ocorria a reunião do Conselho universitário. Policiais militares em três motos e duas viaturas acompanharam a ato à distância.

Última reintegração

Em 2011, 63 estudantes que haviam invadido o prédio da reitoria da USP (Universidade de São Paulo) foram retirados pela Tropa de Choque e acomodados em três ônibus da PM. Outros sete estudantes que estavam fora do prédio também foram detidos. Todos foram levados ao 91º DP (Ceasa).

Um estudante que fingia ser jornalista tentou ultrapassar a barreira policial para entrar no prédio durante a reintegração, mas foi impedido pelos policiais. Um carro da PM teve o vidro danificado pelos manifestantes que estavam fora da reitoria.

M prendeu estudantes que não estavam na reitoria da USP, diz sindicato

O Sintusp (Sindicado dos Trabalhadores da USP) disse que os dois estudantes presos na manhã de hoje durante a reintegração de posse na reitoria da USP (Universidade de São Paulo) não estavam no prédio da administração central da universidade.

Em nota, o sindicato informou que a Polícia Militar prendeu dois estudantes de filosofia que voltavam de uma festa que ocorreu no Centro Acadêmico de Filosofia - um deles é funcionário concursado da universidade; o outro teria acabado de fechar o caixa da festa e seguia para a moradia estudantil (Crusp).

Ainda de acordo com o Sintusp, a polícia não encontrou nenhum estudante na reitoria no momento da reintegração de posse porque os ocupantes do prédio já haviam deixado o local. Duas pessoas chegaram a ser detidas antes dos dois estudantes, mas foram identificadas como moradores da região que apenas passeavam de bicicleta pela USP, e foram liberadas.

Os estudantes presos foram indiciados sob suspeita de furto qualificado, dano qualificado e formação de quadrilha, o que foi confrontado pelo advogado Elizeu Soares Lopes. Ele disse que, para qualificar um crime por roubo, é necessário encontrar o objeto do crime com os suspeitos, o que não ocorreu.

O advogado informou que, para responder por formação de quadrilha, deveria ter ocorrido o envolvimento de três ou mais pessoas. Lopes disse ainda que os estudantes presos foram submetidos a tortura, tanto psicológica quando física, o que levou inclusive um deles a defecar na roupa.

Estudantes da USP mobilizados na amanhã de hoje em frente à 93ª DP, onde os dois estudantes estavam detidos, relatam que ambos não têm relação nenhuma com o processo de ocupação da reitoria da USP (iniciado no começo de outubro). "Eles estavam na hora e no lugar errados, mas são inocentes", relatou uma estudante.

Após interrogatório, os dois alunos foram transferidos para a 91ª DP, onde aguardam por um habeas corpus.

Em nota, a Polícia Militar informou que "coloca-se à disposição dos envolvidos a comparecerem ao Plantão de Permanência da Corregedoria da PM (aberto 24h - localizado na rua Alfredo Maia, 56- Bairro da Luz, São Paulo-SP) para que [os advogados] possam formalizar tais queixas [contra os policiais]".

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