Alunos dispensados

Silvana Oliveira, 29 anos, faz um curso de auxiliar administrativo em uma instituição que fica a uma quadra da delegacia. Segundo ela, as turmas foram dispensados das aulas devido ao grande número de policiais nas ruas. "Perguntamos aos policiais o que estava acontecendo e eles disseram que era uma rebelião", disse.

Silvana relatou não ter ouvido som de tiros, mas que outras pessoas que estavam no local antes dela, sim. Eles teriam relatado a ela que tinha ocorrido um tiroteio mais cedo. "Depois que dispensaram a aula, ainda esperamos um pouco para sair porque tinha muitos policiais ali na região, alguns fazendo batidas em carros", contou.

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Protesto

Após o início da rebelião, familiares dos presos fizeram um protesto na frente da Delegacia de Pinhais. Os presos reclamam da superlotação da cadeia, que estaria abrigando mais de 100 detentos.

Mais de cinco horas após o início, terminou por volta das 23h15 a rebelião na Delegacia de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. A confusão começou perto das 18 horas desta quinta-feira (9), quando uma tentativa de fuga gerou um confronto armado, seguido pela rebelião. Após a longa negociação, os detentos entregaram as armas que possuiam dentro da carceragem. Os policiais então entraram na cela e não ocorreram mais disparos, segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública (Sesp).

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Tudo começou com um tiroteio entre detentos e policiais, no qual pelo menos dois policiais civis e um militar ficaram feridos. O superintente da Delegacia de Pinhais, Osmair Pereira da Silva, foi uma das vítimas. De acordo com o Hospital do Trabalhador, ele deu entrada no hospital por volta das 20h. O estado de saúde dele não foi informado. Ao menos um preso ficou ferido, mas podem haver mais.

Ao fim da negociação, o delegado do Grupo Tigre, Luiz Alberto Cartaxo Moura, disse que presos de menor periculosidade foram feitos reféns. "Eles pegaram as armas na hora, eram armas da própria delegacia, de policiais que trabalham no local. Estamos atuando em várias regiões para tentar recapturar os fugitivos", disse.

Prefeito de Pinhais critica superlotação de delegacia e pede maior efetivo

Mais cedo, o superintende da Guarda Municipal de Pinhais, José Arildo Oliveira, disse que uma arma teria parado na mão de um preso por alguém no horário de visitas. Um detendo, por volta das 17h40, teria rendido o carcereiro, segundo ele, e começou a efetuar disparos contra os funcionários que estavam fazendo a vigilância da delegacia. Teria sido neste momento que os policiais civis e o militar foram atingidos.

A partir desta troca de tiros, conforme Oliveira, que começou a ocorrer a fuga de alguns presos. Neste primeiro momento, segundo o guarda, houve uma confusão generalizada, já que os presos que conseguiram fugir tentaram roubar carros nas redondezas. Um desses veículos roubados foi ocupado por dois presos. Uma viatura da guarda municipal perseguiu os criminosos e disparou contra os dois. Um deles foi atingido e encaminhado ao hospital. O segundo ocupante foi recapturado.

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Durante esse primeiro momento de fuga, houve informações de que haveriam pessoas fora da Delegacia para ajudar os presos. A polícia passou a fazer um cerco nas redondezas da carceragem e prendeu algumas pessoas suspeitas. Reforços de outras divisões policiais chegaram ao local e conseguiram impedir a fuga de outros detentos. Foi então que começou a rebelião, que terminou por volta das 23 horas. Agentes do Cope e do Grupo Tigre intermediaram as conversas com os presos. A operação contou com apoio da Polícia Militar e da Guarda Municipal de Pinhais. A Delegacia de Homicídios também acompanhou o caso.

Durante a fuga, pelo menos dois carros, um Ford Ka e um Astra, foram roubados, segundo o Cope. O titular da Delegacia de Homicídios, Rubens Recalcatti, que também esteve no local, disse que os presos tiveram ajuda de um grupo de fora.

Também estiveram no local policiais da Delegacia de Homicídios, Rone (Rondas Ostensivas de Natureza Especial), Rotam (Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas) e do 17º Batalhão da Polícia Militar.

Prefeito de Pinhais critica superlotação e pede maior efetivo

O prefeito de Pinhais, Luizão Goulart (PT), disse que vê a rebelião com preocupação especialmente pela localização da carceragem no município. "Temos uma delegacia no Centro da nossa cidade com capacidade para 16 presos e no momento da rebelião tinha mais de 100 presos. É urgente a contrução de uma nova delegacia, fizemos a doação de um terreno para e estamos aguardando providências do estado", disse.

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Luizão citou a superlotação como fator-chave para o estouro da rebelião, mas ele criticou também o que classifica de "efetivo insuficiente" para as demandas da cidade. Segundo ele, a localização de Pinhais, rodeada por bairros violentos de outros municípios, exigiria um maior número de agentes da PM na cidade. "A Guarda Municipal de Pinhais, que foi criada para auxiliar na segurança, hoje precisa fazer a maior parte do trabalho que deveria ser feito pela polícia", disse.