À frente da administração do Hospital Evangélico desde dezembro do ano passado, o médico Fabrício Hito deixou o cargo de interventor da instituição no começo deste mês. Indicado pelo Ministério Público do Trabalho e nomeado pela Justiça do Trabalho, Hito alegou motivos pessoais para sair da função. O Ministério Público ainda não anunciou quem irá substituí-lo. A previsão é que um nome saia em 30 dias. Por enquanto, o certo é que o próximo a assumir a administração do hospital encontrará uma situação bem melhor que a do fim de 2014.
O cenário era alarmante: afogado em dívidas, sem crédito na praça e com alguns dos dirigentes envolvidos em denúncias de corrupção, o Hospital Evangélico parecia que não duraria muito tempo de portas abertas. O pronto-socorro chegou a parar por três dias seguidos em novembro devido à falta de medicamentos e a prefeitura de Curitiba montou um plano de contingência para o caso do hospital, um dos maiores da cidade, encerrar as atividades.
Passado menos de um ano, o ambiente ainda é de crise, mas a possibilidade do hospital ser fechado está afastada, o pronto-socorro não parou em 2015 e as contas começaram a entrar nos eixos. “Desde março, o hospital vem cumprindo 100% das metas contratualizadas com o SUS”, afirma Hito. Cumprir as metas tem sido essencial para garantir uma arrecadação mínima para manter as portas abertas e pagar os funcionários em dia.
O atraso no pagamento de salários e a falta de repasses dos encargos trabalhistas de funcionários, aliás, foi o que motivou a intervenção do hospital. De acordo com a procuradora do trabalho Patrícia Blanc Gaidex, desde a intervenção, o recolhimento do Imposto de Renda, Fundo de Garantia e INSS está em dia. Os salários também estão sendo pagos dentro do mês. Dívidas anteriores foram ou estão sendo negociadas. “Tudo isso faz muita diferença para o trabalhador. Tanto aquele que está lá hoje, como aquele que já saiu”, diz Patrícia.
Solucionado o problema salarial dos funcionários, o próximo desafio será quitar as dívidas com o corpo clínico. Segundo o chefe da cooperativa dos médicos do Evangélico, Manoel Alberto Prestes, o hospital teria deixado de pagar cerca de R$ 15 milhões em honorários médicos nos últimos cinco anos.
Durante os oito primeiros meses deste ano, o pagamento dos médicos que realizavam atendimentos de média complexidade ficou suspenso. Desde o mês passado, os honorários passaram a ser pagos normalmente. Mas o que ficou para trás ainda precisa ser negociado.
“Não estamos num processo claro de recuperação judicial, mas na prática acaba funcionando como tal. Então, chamamos os credores aqui e renegociamos. O hospital precisa atender a população, gerar receita para continuarmos vivos e atendermos as nossas obrigações”, comenta Hito.