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Ponta Grossa – Dezoito dias depois do juiz da 3.ª Vara Cível de Ponta Grossa, Francisco Carlos Jorge, determinar a prisão de autoridades policiais, a Fazenda São Francisco, ocupada por 80 famílias sem-terra desde agosto de 2005, teve a reintegração de posse cumprida ontem. A área pertence ao coronel reformado da Polícia Militar Waldir Copetti Neves, que ficou vários meses preso em 2005, acusado de formar milícias armadas no campo.

O próprio Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) sabia que a desocupação era uma questão de tempo, depois que o juiz pediu a prisão dos comandantes da PM do Paraná, coronel Nemésio Xavier de França Filho, e do Batalhão da PM de Ponta Grossa, major Francisco Ferreira de Andrade Filho, por desobediência à liminar que exigia a reintegração. Tanto que quando um batalhão de 120 policiais chegou na fazenda ontem de manhã, os acampados já estavam desmontando os barracos e juntando móveis, alimentos e roupas. O advogado que representa o MST, João Luiz Stefaniak, confirmou que a entidade foi avisada um dia antes que a operação estava marcada para ontem. Ele preferiu não comentar como recebeu a informação.

O major Andrade Filho, que comandou a operação, disse desconhecer que o MST havia sido avisado. A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), por meio da assessoria de imprensa, informou que a Justiça avisa os advogados das partes envolvidas sobre a execução de liminares. O representante jurídico de Copetti Neves, Carlos Eduardo Biazetto, avalia que a comunicação antecipada poderia ter colocado em risco a operação. Por conta dos desentendimentos entre o ex-coronel, que por muitos anos comandou as reintegrações de posse em fazendas do Paraná, e os sem-terra, havia temor de que ocorresse um conflito.

Andrade Filho disse que esperava decisões superiores para proceder a desocupação e evita confirmar que a operação ocorreu agora somente por conta do pedido de prisão. Ainda não se sabe qual o valor da multa que será aplicada pelo descumprimento da liminar.

Os desalojados foram levados para o acampamento Emiliano Zapatta, que fica a um quilômetro da fazenda desocupada. Ontem mesmo, tratores com arado começaram a roçar a terra. Segundo Biazetto, a intenção é plantar na área o mais breve possível.

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