Em nota divulgada nesta segunda-feira (28), o Ministério da Saúde disse que não vai antecipar a campanha de vacinação contra a gripe, que protege contra três subtipos da influenza, incluindo o H1N1.
“O Ministério da Saúde informa que a campanha de vacinação contra a influenza deste ano está prevista para ser realizada entre os dias 30/04 a 20/05 em todo o país, sendo 30 de abril o dia D de mobilização nacional. Vale ressaltar que a campanha é realizada neste período porque o imunobiológico só é entregue pelo laboratório produtor nos meses que antecedem o inverno”, diz a nota.
INFOGRÁFICO: cuidados básicos para evitar a gripe A H1N1
Tire suas dúvidas sobre a gripe A
Em 2009, em meio ao primeiro grande surto da gripe A H1N1 no Paraná, os leitores da Gazeta do Povo enviaram ao jornal dúvidas sobre prevenção, sintomas e tratamento da gripe A H1N1. Confira as respostas dos especialistas
O governo do estado de São Paulo havia pedido antecipação da campanha, dado o surto de H1N1 antes da hora no estado, que já provocou a morte de 38 pessoas somente neste ano. No Brasil, a doença já afetou 305 pessoas somente em 2016; no ano passado o total de casos (para o ano todo) foi 141. Se, em 2015, 36 pessoas morreram com H1N1, neste ano o número de mortes chegou a 46 somente nesses três primeiros meses.
O Ministério da Saúde autorizou o estado de São Paulo a utilizar os lotes da vacina de 2015, para regiões em que a circulação do vírus da influenza iniciou mais cedo. Mas, apesar de proteger em alguns casos, o vírus de 2015 não é o mesmo que circula em 2016, segundo especialistas.
“É importante destacar que a vacina do ano passado protege apenas contra H1N1 já que houve a troca, pela Organização Mundial de Saúde, de duas cepas da composição da vacina”, diz a nota do Ministério da Saúde.
A vacina de gripe que entra nas campanhas de vacinação do Brasil é a mesma desenvolvida no Hemisfério Norte para o inverno deles. Ou seja, está disponível no mercado internacional desde novembro do ano anterior.
Vacina chega tarde
Luis Fernando Aranha de Camargo, gerente médico da pesquisa clínica do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, em São Paulo, acha que o surto chegou mais cedo ao Brasil porque pegou “muita gente desprotegida”, já que a vacina demora muito para chegar aqui.
“A vacina fica pronta lá fora antes do inverno no Hemisfério Norte (novembro do ano anterior), deveria chegar aqui no fim de fevereiro e não no final de abril”, opina Camargo, para quem a campanha deveria também ser estendida para toda a população.
Segundo ele, o que difere o H1N1 da gripe comum não é a intensidade dos sintomas, e sim das complicações decorrentes da gripe, especialmente a pneumonia.
“A gripe comum fica séria em pessoas debilitadas, já o H1N1 pode ficar séria em pessoas completamente saudáveis. Gestantes e obesos fazem parte do grupo de risco, ainda não sabemos exatamente o porquê. Quem puder, se vacine. O Brasil acho que é o único país do mundo sob a ameaça de quatro doenças infecciosas ao mesmo tempo: dengue, zika, chikungunya e agora H1N1. A vacina tem que vir mais cedo” , avalia o médico.
Camargo lembra, no entanto, que não há motivo para pânico já que, na grande maioria dos casos, a doença evolui normalmente.
Duas vacinas
O Ministério da Saúde esclareceu na nota que, mesmo as pessoas que tomarem a vacina agora em SP ou em outro locais, devem voltar na campanha para se vacinar novamente e, assim, ficar protegido completamente contra “o novo H1N1” e contra os dois outros tipos de vírus que a vacina trivalente cobre, H3N2 e Influenza B. É importante destacar que o intervalo entre uma vacina e outra deve ser de 30 dias.
Até 19 de março este ano, a Região Sudeste concentra o maior número de casos (266), sendo 260 no estado de São Paulo. Outros estados que registraram casos neste ano são Santa Catarina (14); Bahia (10); Pernambuco (5); Rio de Janeiro (3); Distrito Federal (3); Minas Gerais (3), Mato Grosso (2); Paraná (1); Mato Grosso do Sul (1), Pará (1). Com relação ao número de óbitos, São Paulo registrou 38, seguido por Bahia e Minas Gerais, cada um com dois óbitos; e de Mato Grosso e Matos Grosso do Sul, ambos com um óbito.
O Ministério da Saúde informa que está monitorando os casos de H1N1 nesses estados junto com as vigilâncias locais.
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