A comunidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBT) e a Igreja Católica se reuniram na manhã desta terça-feira (17) pela primeira vez após a polêmica que envolveu o cartaz da Parada LGBT, que mostra a Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Glória sendo atingida por um raio de luz, dando origem a um arco-íris, um dos símbolos do movimento. O evento ocorrerá em 20 de maio em Maringá.
"No que seria um grande constrangimento [ o encontro entre as duas partes], conseguimos encontrar um espaço de diálogo", comentou um dos integrantes do movimento LGBT de Maringá e editor do site Maringay, Luiz Modesto. "Juntos, entendemos que o que pode escandalizar não é um cartaz, mas a violência contra o ser humano."
Modesto confirmou que sugeriu durante a reunião com o arcebispo de Maringá, Dom Anuar Battisti, a criação de uma pastoral da diversidade no Município. "Ele acolheu a ideia e disse que vai levar a proposta para outros bispos", confirmou.
Segundo o arcebispo, o mais importante foi o canal de comunicação aberto após a polêmica. "Foi um bom diálogo. Abrimos uma porta em busca da defesa da vida", comentou. "Não queremos ser uma igreja preconceituosa, queremos ser uma igreja do amor."
Cartaz
O arcebispo da Arquidiocese de Maringá pediu que a montagem fosse retirada da internet, o que não é mais possível, porque a imagem foi compartilhada por vários internautas. "Foi uma imagem que mexeu com o sentimento dos católicos, mas que não é mais possível retirar da internet", disse.
A polêmica imagem foi feita pela ilustradora e designer Elisa Riemer, que é uma das colunistas do site Maringay. A ilustração (que tem duas versões) foi inspirada na capa de Dark Side of the Moon, álbum de 1973 da banda de rock Pink Floyd. Na principal imagem do disco, um raio de luz branca incide sobre um prisma, refratando um arco-íris.
Segundo Modesto, a designer fez a imagem para criar um diálogo entre a comunidade LGBT e a igreja, não a polêmica. Apesar das críticas, Modesto elogiou a atitude de Elisa e apontou que o objetivo dela foi concretizado. "Está de parabéns."
A reportagem tentou contato com Elisa, mas ela não atendeu às ligações. No Facebook, a ilustradora explicou que utilizou a imagem da igreja como se fosse o prisma usado no álbum do Pink Floyd. "O prisma tem vários lados e jogando uma luz conseguimos ver todos os caminhos, as sete cores. Imagine que para cada problema você tem sete respostas/caminhos a tomar".
Na mesma rede social, ela também questionou a polêmica gerada, considerando-a desnecessária. "Não esperava isso tudo. Achei que as coisas seriam mais tolerantes, que seria de fácil compreensão, mas é muita falta de conhecimento", criticou.
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