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"Cursos do MST"

Após polêmica, UFPel segue com trâmites para criar turma de Medicina para o MST

MST pressiona universidade para criar turma de Medicina exclusiva para assentados
Alunos da Turma de Medicina Veterinária do MST, na Universidade Federal de Pelotas, que se formaram no ano passado (Foto: Divulgação MST)

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Após gerar polêmica ao anunciar a criação de uma turma de Medicina exclusiva para membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul, informou à Gazeta do Povo que a instituição está determinada a seguir com o processo de implementação da turma.

“Não estamos falando em um novo curso de Medicina ou em um novo formato de ingresso regular de alunos. Como está denominado, é uma turma especial. Que poderá, no futuro, se ver acompanhada de outra. Mas sempre com este caráter sazonal e não permanente. Estamos efetuando o levantamento de necessidades de todas as ordens (material, infraestrutura, recursos humanos, insumos, etc.) para que possamos avançar de forma responsável e célere”, diz um trecho do comunicado enviado à Gazeta.

Como noticiado pela Gazeta do Povo, em julho deste ano, a UFPel teria cedido à pressão do MST para incluir também o curso de Medicina na lista de cursos contemplados pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), um programa federal criado no governo Lula (PT), em 2009, e conduzido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

Desde que foi criado o Pronera, cerca de 3,5 mil assentados da Reforma Agrária – em grande parte, mas nem todos sendo militantes de movimentos sociais – já ingressaram em cursos de Direito, Agronomia, Geografia, História, Veterinária, Letras e Pedagogia. Um curso de Medicina, entretanto, é uma demanda antiga dos ativistas.

O principal critério de seleção para ingresso na turma especial de Medicina seria uma carta na qual os candidatos deveriam contar sua história, bem como “as vivências relacionadas à luta pela terra, as experiências em acampamentos, assentamentos ou comunidades rurais”.

Na prática, a fórmula de ingresso garantiria maiores chances de sucesso à candidatura de um militante do MST, já que o chamado “Manual de Operações” do Pronera é vago quanto aos métodos de seleção.

A própria UFPel condicionou a aprovação dos candidatos do curso de Medicina Veterinária a uma vivência de 19 dias ininterruptos no Instituto de Educação Josué de Castro, que é comandado pelo MST e funciona dentro de um assentamento.

Para o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), a flexibilização dos critérios essenciais de ingresso no curso de Medicina provocaria a redução da qualidade na formação dos futuros profissionais.

A UFPel define o Pronera como “um instrumento para reduzir as disparidades no acesso à educação e na representação de profissionais de saúde em regiões rurais, onde normalmente há escassez de médicos”.

Após as críticas da classe médica e de professores da instituição, a UFPel disse que “apesar de toda a convicção, nada há de concreto no presente momento e que, qualquer iniciativa respeitará integralmente o ordenamento nacional”, que não prevê formato diferenciado de ingresso nos cursos fomentados pelo MST.

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