Estudantes secundaristas do Paraná decidiram, na tarde desta segunda-feira (30), suspender a ocupação de três colégios estaduais de Maringá, que estavam tomados em protesto contra a qualidade da merenda. A suspensão foi definida após reunião com o governo do estado, que se comprometeu a manter o diálogo com os estudantes e a atender uma pauta de reivindicações apresentadas. Entre elas, estão uma cadeira no Conselho Estadual de Alimentação Escolar e acesso a dados de obras em escolas paralisadas por causa da Operação Quadro Negro.
“Nós permaneceremos em estado de alerta. Se o governo não cumprir, vamos tomar medidas mais enérgicas”, disse o presidente da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes), Matheus dos Santos.
Em um prazo de 15 dias, os estudantes devem receber um relatório sobre o andamento das obras investigadas na Quadro Negro, operação que apura desvios de recursos que seriam destinados a construção e reparos em colégios estaduais.
Segundo o secretário-chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni (PSDB), peritos estão dimensionando o real estágio das obras. Duas delas estariam em fase mais avançada. A “situação mais difícil” ocorreria em outras oito. O acordo prevê também que os alunos tenham acesso a um relatório atualizado sobre a licitação de alimentos para a merenda.
Os estudantes reivindicam ainda o aumento do número de nutricionistas que atuam no controle de qualidade da merenda das escolas estaduais. Segundo a Upes, a Secretaria de Estado da Educação (Seed) mantém apenas quatro nutricionistas. O movimento estudantil, por sua vez, defende que haja ao menos um profissional em cada um dos 32 núcleos estaduais de ensino. O governo se comprometeu a ampliar o número de nutricionistas, mas ainda não definiu de quantos servidores seria esse aumento.
“Todos os itens eram assuntos que estávamos tratando, que estávamos fazendo. Quanto maior a participação, maior a transparência”, disse Valdir Rossoni, ao fim da reunião, realizada no Palácio Iguaçu. “A merenda do Paraná é considerada a melhor do Brasil. Vamos orientar os diretores e chefes de núcleo a fiscalizarem ainda mais”, acrescentou.
Presidente da comissão de educação da Assembleia Legislativa, o deputado Hussein Bakri (PSD), elogiou a retomada do diálogo entre os estudantes e o governo e apontou que os parlamentares devem apertar a fiscalização. “Vamos ser os fiscalizadores dos desdobramentos dessa reunião, por meio da comissão”, assegurou.
Carta aberta
O governador Beto Richa (PSDB) participou da reunião com os estudantes, mas não concedeu entrevista. A Upes divulgou uma carta aberta ao governador e nela denuncia condições gerais de colégios estaduais. “Centenas de escolas estão sem merenda, sem estrutura físicas, sem ventiladores, laboratórios sem acesso à tecnologia, com obras muito caras paradas e sem perspectiva de continuarem, ainda existem escolas que funcionam em prédios precários, às vezes alugados ou emprestados, outras vezes, dividindo-os com uma escola municipal ou outra instituição”, diz o texto.
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