Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
crime

Após saudação a Hitler e preconceito, mulher é indiciada por ataque racista em praia do RJ

Mulher acusada por ofensas racistas em praia na Zona Oeste do Rio | Reprodução/Facebook
Mulher acusada por ofensas racistas em praia na Zona Oeste do Rio (Foto: Reprodução/Facebook)

Uma agente de viagens, de 31 anos, foi vítima de ofensas racistas em uma praia do Rio Janeiro. O caso foi registrado na 16.ª DP, na Barra da Tijuca. A acusada é uma pedagoga, de 54 anos. Ela foi indiciada por injúria por preconceito (Art. 140 § 3º), com pena prevista de reclusão de um a três anos e multa

A mulher foi presa em flagrante e permanecia detida, já que ainda não havia feito o pagamento da fiança, no valor de R$ 2 mil, de acordo com o G1. Após esticar a canga na Praia da Reserva, no Recreio, Zona Oeste, no último domingo (28), a agente de viagens Sulamita Mermier, 31 anos, afirma que começou a ouvir palavras ofensivas e de teor racista de uma mulher que estava sentada a poucos centímetros de sua barraca. No começo, conta ela, até ficou em dúvida se as palavras eram mesmo dirigidas para ela. Mas quando a senhora, loura, de meia idade, mais uma vez disse que “não entendia porque mulata precisava pegar sol”, teve certeza que estava sendo vítima de racismo.

“Eu não fiz nada. Cheguei e ela falava olhando para mim. Estava com minha irmã e minha amiga, que são brancas, então, vi que era para mim. Eu mal cheguei e a escutei comentando, olhando para mim: ‘Hi, Hitler. ‘Preto e mulato não são raça, são sub-raça. Não entendo por que preto pega sol. Esses cabelos duros’, disse a pedagoga, segundo Sulamita. “Ela estava acompanhada do marido e de uma senhora com duas garotas. Quando começou a falar, essa outra senhora se levantou e disse que ia embora porque não era racista e não concordava com as agressões verbais”, afirmou a agente de viagens.

Segundo a vítima, a mulher o tempo todo dizia que “pagava um condomínio caro” e que “suburbanos deveriam ir procurar outra praia”. “Dizia que eu só podia morar na Taquara ou em Jacarepaguá. Que eu era encardida, sub-raça”.

Depois de alguns minutos aguentando a agressão verbal, Sulamita conta que pegou o celular a começou a gravar. “Quando o marido avisou que eu estava gravando, ela levantou e veio para cima de mim. E continuou me agredindo. Todo mundo na praia olhando. Virou um show. Ela ainda falou: pode gravar mesmo, tenho dinheiro e isso não vai dar em nada”.

A cenas, gravadas pelo celular, foram compartilhadas por um amigo da vítima, que ficou revoltado ao saber da historia. O filme já teve mais de 2 milhões de visualizações. No vídeo, a mulher afirma: “Não tenho culpa de você se sentir agredida por ser mulata, amor. Você é uma complexada. Nasça branca. Você nasceu mulata. Fazer o quê?.”Em outro trecho, a mulher prossegue com as ofensas: “Você é uma complexada, por ter cabelo duro”.

Sulamita não consegue esquecer o tom debochado e as palavras ditas pela mulher. E, apesar de ter recebido apoio de familiares e amigos, não consegue segurar as lágrimas:

“Era um ódio gratuito. Não fiz nada. Ela estava incomodada só porque sou mulata. Não tenho vergonha do que sou. Vou levar o caso até o fim porque ela não tem direito de agir assim”, disse ela, que, além das imagens do vídeo, informou ter diversas testemunhas. São pessoas que estavam na praia e foram até ela se oferecer para depor em seu favor.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.