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VIOLÊNCIA

Após ser agredido, professor dá aula de revolução francesa para provar inocência

André Luiz Ribeiro ficou detido por dois dias | Reprodução/ Facebook
André Luiz Ribeiro ficou detido por dois dias (Foto: Reprodução/ Facebook)

Confundido com um ladrão, um professor de História foi espancado por moradores da periferia de São Paulo e só conseguiu se livrar do linchamento quando, segundo ele, foi obrigado a dar uma aula sobre Revolução Francesa. Ainda assim, André Luiz Ribeiro, mulato de 27 anos, foi levado à delegacia, onde ficou por dois dias, já que o dono do bar assaltado confirmou em depoimento que André seria o ladrão.

O professor contou que, socorrido por bombeiros, teve de falar sobre a Revolução Francesa para provar a inocência. Os bombeiros informaram que "as informações são improcedentes" e que não houve "desrespeito ou deboche". André conta que estava correndo na última quarta-feira no bairro Balneário São José, quando um bar foi assaltado.

"Eu corro 10 km todos os dias, estava de fone de ouvido, sem identificação porque moro por perto, e fui confundido com um dos três assaltantes. O dono do bar e o filho dele me acorrentaram. Umas 20 pessoas me cercaram e começaram a me bater. Acorrentaram meus braços e pernas e me colocaram de barriga para baixo na rua."

O professor foi socorrido por bombeiros que passavam no local. Um deles, segundo Ribeiro, teria dito: "Se você é professor de História, então dá uma aula sobre Revolução Francesa", conta Ribeiro. "Falei que a França era o local onde o antigo regime manifestava maior força, e que a burguesia comandou uma revolta junto com as causas populares, e que havia fases da revolução. Falei por uns três minutos e perguntei se já estava bom."

Ribeiro diz que os bombeiros salvaram a vida dele, pois enquanto dava a "aula", ouviu o dono do bar dizer que ia buscar um facão. Em seguida, a PM chegou e o levou ao pronto-socorro e depois ao 101.º DP, onde ficou preso até sexta.

O proprietário do bar, Djalma dos Santos, 70, negou o espancamento. "A população que acorrentou, que bateu, eu não fiz nada. O que eu tinha que falar já falei na delegacia. Não adianta nada ficar perguntando, não vou retirar o que disse. Eu gritei que era ladrão e a população da rua foi atrás dele. Se ele não devia nada, vai dar uma mancada dessas de estar correndo no meio dos bandidos na hora do assalto?"

O advogado de Ribeiro, Cláudio Reimberg, disse que irá registrar a ocorrência de lesão corporal e tentativa de homicídio. "Vamos registrar a ocorrência e pedir ação indenizatória tanto do proprietário do bar, quanto do estado, já que no 101.º DP não foi registrada a agressão a ele, só do assalto ao bar."

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