A região central de São Paulo ainda tinha ao menos três vias bloqueadas por volta das 19h20 desta terça-feira (16) após os confrontos registrados pela manhã e no final da tarde. Apesar disso, o clima já estava mais calmo e não havia registro de confrontos entre manifestantes e policiais militares.
Os bloqueios estavam na rua Xavier de Toledo, na altura da av. São Luís; na avenida São João, na altura da avenida Ipiranga; e no largo Paissandu. A Polícia Militar também reforçava a segurança na região.
A confusão começou ainda no início da manhã, com a operação da polícia para cumprir a reintegração de posse de um prédio invadido na avenida São João. Sem-teto atiraram móveis e objetos na polícia e foram alvo de bombas de gás. O tumulto se espalhou pela região, comerciantes fecharam as portas, e um ônibus foi incendiado em frente ao Theatro Municipal.
Segundo a PM, 84 pessoas foram levadas a delegacias na região durante o tumulto, sendo 75 delas pessoas que se recusaram a sair do prédio ocupado. Também foram detidas duas pessoas sob suspeita de lesão corporal, seis por furto e uma mulher suspeita de incendiar um coletivo. A polícia não soube informar se todos estavam na ocupação.
Também foram registrados cinco policiais feridos levemente.
O clima de tensão diminuiu à tarde, mas tumultos recomeçaram por volta das 16h. Houve nova correria e lojistas voltaram a baixar as portas. Funcionários do comércio local foram liberados mais cedo e alguns saíram das lojas usando máscaras cirúrgicas para se proteger do gás lacrimogêneo que tomava a região.
Barricadas voltaram a ser montadas e a polícia usou bombas de efeito moral. Um ônibus teve os vidros quebrados e vândalos tentaram atear fogo no veículo, mas fugiram quando policiais chegaram. Um idoso, que não quis se identificar, ficou ferido na testa. Após as 18h30, porém, não foram mais ouvidas bombas na região e a PM disse não ter havido mais confrontos.
Reintegração
A reintegração de posse começou por volta das 6h, quando equipes da Tropa de Choque cercaram o edifício ocupado pelo movimento FLM (Frente de Luta por Moradia). Os sem-teto atiraram pedras, cocos e objetos como sofás e móveis nos policias, que empregaram bombas de gás e balas de borracha.
Tanto a PM quanto o movimento sustentam que a outra parte agiu primeiro, e que só revidaram depois.
O tumulto tomou as ruas da região central de São Paulo e durou até, ao menos, por volta das 11h. O comércio, porém, só reabriu as portas por volta das 13h.Confrontos também foram registrados nas ruas Barão de Itapetininga, Ipiranga, 24 de Maio, Dom José de Barros e próximo a região da praça da República. Houve tumulto, correria e a todo instante a PM lançava bombas de gás para tentar dispersar a multidão. Lojas foram atacadas e saqueadas.
Pessoas que cobriam o rosto com máscaras ou com a própria camisa ajudaram a incendiar o ônibus e tentaram arrombar lojas para fazer saques. Logo que começou a correria nas imediações do viaduto do Chá, lojistas fecharam os estabelecimentos nas ruas Xavier de Toledo, Sete de Abril, 24 de Maio e Barão de Itapetininga.
Durante o tumulto no centro de São Paulo, mascarados fizeram barricadas e atiraram pedras contra a polícia. A Folha flagrou diversos ataques nas ruas do centro. A PM respondia com bombas e tiros. Uma pessoa passou mal com o cheiro forte do gás e precisou de atendimento.
Duas lojas de operadoras de celular foram saqueadas. Cerca de dez criminoso se aglomeram em frente ao estabelecimento, arrombam a porta e furtaram celulares e computadores das lojas da Claro e da Oi que ficam no calçadão da rua Barão de Itapetininga. Uma unidade do McDonald's na mesma rua teve as portas de ferro quebradas.
Veja fotos do tumulto em São Paulo