O aposentado Valério Weber, 63 anos, é o cidadão modelo para a prefeitura de Curitiba. Ele é o recordista no número de reclamações feitas pela Central de Atendimento. Em três anos foram quase 300 ligações. Todos os dias, ele sai de sua casa no bairro Água Verde, em Curitiba, armado com um bloquinho de papel. Sua mira são todos os problemas com o patrimônio público que ele possa encontrar pela rua. Ele observa tudo e anota. Quando o problema não é visível, ele testa, como é o caso dos telefones públicos. Quando chega em casa liga ou escreve para os órgãos responsáveis para conseguir a solução.

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Weber não sai exclusivamente para isso, faz as anotações, por exemplo, no meio da caminhada com a esposa ou no trajeto para o mercado. A mania começou em 1983, inspirada numa resposta dada pelo então ministro extraordinário da Desburocratização, Hélio Beltrão, morto em 1997 e considerado o pai da defesa pelos direitos do cidadão. "Ele me disse que o serviço público era para servir o público e a resposta de uma autoridade me entusiasmou", conta. Nessa época, Weber ainda morava no estado de São Paulo e foi lá que conseguiu uma de suas maiores conquistas. O Departamento de Operação do Sistema Viário da prefeitura da cidade implantou, graças a uma solicitação dele, sinalização de orientação na marginal Tietê, indicando os acessos às Rodovias Dutra, Fernão Dias e Trabalhadores.

Para quem quer ter seus direitos garantidos e cobrar das autoridades a solução dos problemas, Weber recomenda informar-se antes. Em seu escritório, está o arsenal: centenas de fitas cassetes e de vídeos, com entrevistas gravadas de telejornais e rádios, além de um arquivo de matérias publicadas em jornais, guardado ao lado da pilha dos pedidos que já efetuou. "É importante conhecer seus direitos para cobrar melhor e é isso que faço, exerço minha cidadania, não só por dever, mas por prazer", diz.

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