O rigor na fiscalização e o crescimento da frota de veículos têm aumentado o número de suspensões de carteiras de motorista no Paraná. No ano passado, 14.725 motoristas tiveram a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa de maneira direta no estado, ou seja, no ato da infração, por dirigir embriagado, permitir que pessoa não habilitada conduza o veículo, disputar rachas ou trafegar com velocidade 50% superior à máxima permitida. Neste ano, até julho foram 11.503 suspensões, segundo o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR). A média mensal de apreensões subiu de 1.227 no ano passado para 1.643 neste ano. Alta de 25%.
O número de motoristas que perderam a carteira por atingir os 20 pontos também já é proporcionalmente maior em 2008. De janeiro a julho deste ano foram suspensas 12.742 CNHs por esse motivo, contra 14.088 no ano passado. A média mensal passou de 1.174 para 1.820 de um ano para outro. Um acréscimo de 35,5%. Na soma geral (de forma direta ou por acúmulo de pontos), o volume mensal de carteiras apreendidas saltou de 2,4 mil, no ano passado, para 3,4 mil neste ano. O aumento médio geral foi de 29,5%.
Os homens são os mais atingidos. De janeiro a julho deste ano, foram 10.534 suspensões de condutores do sexo masculino, contra apenas 969 mulheres. Os homens respondem por 91% das punições diretas, índice superior ao total de carteiras expedidas para motoristas do sexo masculino. Segundo o Anuário Estatístico do Detran-PR de 2006, 73% do total de CNHs do estado são expedidas para homens.
As mulheres têm mais carteiras suspensas por atingir os 20 pontos do que por uma única infração gravíssima. Mesmo assim, ficam longe dos índices masculinos. Foram 2.792 casos entre janeiro e julho neste ano, contra 9.945 de homens. No ano passado, 3.336 mulheres tiveram a carteira de habilitação suspensa no Paraná por atingirem os 20 pontos, contra 1.211 que tiveram o documento retido de maneira direta.
Punições masculinas
Para a coordenadora de Habilitação do Detran-PR, Maria Aparecida Farias, uma das explicações possíveis para o aumento das suspensões é o crescimento da frota. Mas ela afirma que esse aumento de carros, motos e condutores não deveria estar relacionado com o grande número de infrações. "A infração é um desrespeito à legislação, e todos os novos condutores deveriam respeitar as leis", diz. Outro motivo pode ser o aumento de fiscais nas ruas. "Se fôssemos colocar um agente de trânsito a cada dez quadras, certamente teríamos mais autuações".
]Para o consultor em segurança do trânsito João Pedro Corrêa, os homens são mais penalizados por serem maioria ao volante e se arriscarem mais. "O número de homens que dirige é muito maior que o de mulheres", pondera. "Como há mais homens no trânsito, há mais homens atrapalhados, atrasados, que acham que o guarda não está vendo a infração." Corrêa acha que as multas têm um papel educativo, mas também pode haver excessos. "Não significa que todas as multas sejam educativas e bem aplicadas."
Jovens cometem mais infrações graves. Segundo dados de julho do Detran, entre os que praticaram manobras arriscadas, 115 tinham entre 18 e 25 anos; 67 entre 26 e 32 anos, e apenas 20 com mais de 50 anos. Os mais velhos cometem infrações mais leves e a suspensão da CNH acontece quando somam os 20 pontos. Dirigir o veículo utilizando o telefone celular é mais comum entre os mais experientes: 57 condutores entre 40 e 50 anos tiveram a carteora suspensa em junho por causa dessa infração, contra apenas seis motoristas entre os 18 e os 25 anos.
Multas
Em Curitiba, o número de multas passou de 528.281 em 2005 para 533.647 em 2006 e 724.373 no ano passado. De janeiro a junho deste ano, já foram aplicadas 380.514 multas, segundo o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPTran) e a Diretoria de Trânsito de Curitiba (Diretran). O aumento se deve à fiscalização mais rígida e ao crescimento da frota. Os veículos passaram de 907.154, em 2005, para 1.067.023, em junho deste ano. No mês passado, a Diretran passou a ter 420 fiscais, com incorporação de mais 45 novos agentes de trânsito.
Em números absolutos os acidentes também aumentaram, de 24.356 em 2006 para 25.509 em 2007 e 13.385 até a junho deste ano. Mas se comparado ao crescimento da frota, a Diretran aponta redução de 2,6% no número de acidentes com vítimas. "É um índice significativo de redução, por mais que pareça pequeno", comenta a diretora de Trânsito de Curitiba, Rosângela Batistella. A Diretran vem utilizando as câmeras da Secretaria Municipal de Defesa Social para monitorar o tráfego na região central.