A maior parte dos crimes que ocorrem na Grande Curitiba está concentrada em regiões em que a exclusão social prevalece e a presença do tráfico é constante. "Estamos vendo um aumento da criminalidade. Não basta apenas o trabalho da polícia. Também é preciso trabalho social", afirma o delegado Hamilton da Paz, da Delegacia de Homicídios. "Se mata e se morre por muito pouco. A crônica é cheia desses dados assustadores. A vida vale muito pouco", comenta o sociólogo Pedro Bodê.

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O delegado acrescenta que 96% dos homicídios são cometidos por homens e a faixa etária do maior número de vítimas fica entre os 16 e 25 anos. No primeiro bimestre deste ano, 221 pessoas com até 30 anos foram assassinadas na capital e região metropolitana – 53,7% do total – destas, 29 tinham menos de 18 anos. "Historicamente, no Brasil, os jovens têm sido vítimas preferenciais em homicídios. É a vulnerabilidade da juventude pobre", diz Bodê.

O sociólogo explica que o consumo de drogas juvenil é muito parecido em todas as classes sociais, contudo, o maior número de vítimas está concentrado em classes pobres e em regiões de risco. O delegado Ronald de Jesus, do 9º Distrito Policial, também relaciona o crescimento da violência com a vulnerabilidade social. "O meio é violento. Se refugiam nas drogas", afirma. Os bairros de Curitiba com maior incidência de crimes neste ano são Cidade Industrial de Curitiba (CIC), Sítio Cercado, Cajuru e Tatuquara. Na região metropolitana, Colombo, Piraquara, São José dos Pinhais e Almirante Tamandaré que lideram o ranking.

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A pesquisa Violência e exclusão socioespacial em Curitiba que como autores o geógrafo e analista geocriminal Marcelo Bordin, Poliana Cardozo e Rafael Pietro, revela que a segregação geográfica existente na cidade é um fator determinante para a exclusão e para a violência "produzida pela falta de tato das administrações municipais em lidar com as diferenças entre a cidade rica e planejada com a cidade pobre e esgarçada no espaço urbano". (JO)