Saúde
Distância de esgotos e bichos diminui riscos de contaminação
Uma visita à praia pode transformar um momento de lazer em um grande transtorno se a areia da praia estiver contaminada. Além do tratamento de esgoto, a médica pediatra Lúcia Sibut, da Universidade Federal do Paraná no litoral, indica que outra medida fundamental para evitar a contaminação da areia é manter os animais domésticos longe da areia. "Eles levam parasitas pelas fezes e, ter contato direto com a areia contaminada, é suficiente para uma pessoa contrair doenças de pele, mesmo sem ter um ferimento como porta de entrada", afirma.
De acordo com a médica, as contaminações mais comuns são causadas pelas bactérias estreptococos e estafilococos, além de fungos e parasitas intestinais, como protozoários e helmintos. "É importante verificar a balneabilidade das águas e tentar ficar longe de saídas de água proveniente de canais como esgoto ou água servida", alerta Lúcia Sibut.
Três semanas
A estudante universitária Roberta Longo, 23 anos, perdeu três semanas da temporada de verão passada ao contrari uma infecção causada pelo bicho geográfico, um parasita que ao ter contato com a pele se aloja na superfície e causa coceiras e pequenas lesões. "Eu fiquei bem chateada, não apenas pelos dias em que fiquei de molho, mas pela coceira insuportável e a lesão que ficou no meu pé", lembra a estudante.
Basta o calor mostrar que veio para ficar que a palavra balneabilidade volta à tona com força total. Mas, para os pesquisadores, tão ou mais importante que analisar as águas litorâneas é verificar a qualidade das areias, que reúnem condições de temperatura e umidade e uma disposição de alimentos ideal para a proliferação de micro-organismos. "As pessoas passam mais tempo na areia do que propriamente dentro da água, principalmente as crianças: tudo passa pela areia", assinala o gerente da Sanepar, Carlos Roberto Pinto. Para esta temporada, a estatal vai promover uma campanha com foco na promoção da educação ambiental voltada aos banhistas e à limpeza da areia.
Pela primeira vez a empresa fará um trabalho intensivo nas praias de Matinhos, Guaratuba e Pontal do Paraná. Ao todo, 61 km de orla marítima serão limpos por seis máquinas, que puxadas por trator, vão peneirar a areia, separando o lixo e devolvendo areia limpa à praia. Somente revolver a areia é capaz de fazer com que o solo de baixo seja trazido para a superfície, e a areia seja desinfetada em contato com os raios ultravioleta do sol.
Na madrugada
A ação será realizada de 15 de dezembro a 29 de fevereiro. Durante todas as madrugadas, inclusive de sábados e domingos, de 1 h às 8 h da manhã, as máquinas saneadoras farão a limpeza da areia. Além disso, 48 profissionais vão ficar responsáveis pela coleta de lixo, das 10 horas da manhã às 17h30. Os coletores usarão 1,2 mil tambores, além de carrinhos de mão, pás e rastelos. Paralelamente a essas atividades, serão distribuídas 200 mil revistas em quadrinhos com dicas de preservação ambiental, 50 mil coletores de bitucas de cigarro e 500 mil sacos de lixo. A operação não prevê o uso de produtos químicos. Os equipamentos que farão a limpeza da areia serão locados por meio de licitação. Segundo o gerente da Sanepar, toda a operação custará cera de R$ 4 milhões.
De acordo o chefe da Diretoria de Estudos e Padrões Ambientais do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Alberto Baccarim, a limpeza da areia é eficiente e já deu resultado em vários locais do mundo. "Nos outros estados o trabalho de limpeza da areia tem reduzido em 90% a probabilidade de as pessoas serem infectadas por micro-organismos", diz.
Estudo piloto
Para levantar dados mais científicos sobre a contaminação nesta temporada, o IAP iniciou no dia 21 um estudo piloto para diagnosticar a qualidade da areia da praia. A pesquisa vai monitorar os índices microbiológico e parasitológico conforme a resolução 274/2000 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Esta resolução determina que cada estado defina o seu padrão de qualidade da areia. "A pesquisa vai diagnosticar a qualidade da areia e será encaminhada ao Conama propondo essa padronização", explica Baccarim.
Os dados da primeira fase do estudo da qualidade da areia serão divulgados apenas após o término das pesquisas, no site www.iap.pr.gov.br
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