Oficinas de pintura, artesanato, música e até culinária. Atividades como essas têm sido adotadas em hospitais que apostam na humanização do atendimento para que os pacientes se recuperem mais rápido e tenham a estadia mais agradável. "As atividades lúdicas ajudam a sublimar a dor causada pela doença e a ressignificar esse sentimento, auxiliando no enfrentamento do problema", explica Vanessa Ruthes, coordenadora de humanização do Grupo Marista.
De acordo com a terapeuta ocupacional Nydia Cunha, entre os principais benefícios dessa humanização está o aprimoramento da relação paciente-família-equipe. "Isso culmina em uma atenção integral ao paciente; e o terapeuta pode, então, agir na promoção da saúde e da qualidade de vida ocupacional daquela pessoa." Nesse processo, segundo ela, é importante que sejam estimuladas atividades que remetam à rotina anterior do paciente.
Momentos de alegria
Fabiele Fortes é um exemplo de que a arte e a terapia têm papel fundamental no processo de enfrentamento da doença. A menina, de 10 anos, tem uma síndrome rara chamada Ehlers-Danlos e, desde 2006, quando começou a fazer tratamento no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, tem encontrado na arte momentos de alegria. A síndrome tem como sintomas a hipermobilidade articular, pele frágil e superelástica. Não existe cura.
"Aos poucos ela foi aceitando a doença e às vezes até brinca com a elasticidade que tem. Sei que grande parte dessa aceitação tem relação com as atividades feitas no hospital e que elevam a autoestima dela, diariamente", conta a mãe, Edicleia Fortes, de 39 anos. Naturais de Sengés, no interior do Paraná, há três anos a família se mudou para a capital.
Das atividades desempenhadas por Fabiele no hospital, as aulas de reforço escolar e a música são suas preferidas. "Assim, eu não perco o ano na escola e cantando eu percebo a harmonia entre as pessoas", conta. No fim do mês passado ela participou de um show com outras crianças do hospital, no Teatro Bom Jesus.
Habilidades manuais
Por tratar especificamente de crianças, o Hospital Pequeno Príncipe investe muito em atividades manuais, como pintura e gravura. Além disso, incentiva a musicalização e promove aulas de culinária.
O mesmo acontece na ala pediátrica do Hospital Erasto Gaertner, onde os pequenos podem ouvir histórias, recebem a visita de palhacinhos e têm uma brinquedoteca à disposição. Um trabalho bem conhecido feito com as crianças é o da pintura, e as artes produzidas durante o período de internamento estampam os cartões de Natal vendidos pela Rede Feminina de Combate ao Câncer.
Para os pacientes adultos, as atividades lúdicas de teatro e recreação também são importantes. É comum encontrar pequenas apresentações musicais nos corredores, quartos e hall de entrada das instituições. "Até naqueles em coma vigil, que não é profundo, são percebidas alterações clínicas no momento em que a música começa", afirma Milva Milano, diretora presidente do Hospital Pilar. Fernanda Voigt Miranda, psicóloga clínica do Hospital Erasto Gaertner, diz que as atividades ajudam a diminuir a tensão emocional também nos familiares que acompanham o tratamento.