Foz do Iguaçu A história da região trinacional do Brasil, Paraguai e Argentina viajará pelo mundo por meio do artesanato. Inspirados na riqueza multicultural dos três países, artesãos estão criando peças originais, com imagens de animais, plantas e construções. Assim resgatam um olhar singular a respeito dos costumes e atrativos locais, invisíveis para a maioria das pessoas.
O trabalho vem sendo realizado com base em um banco de 4 mil imagens fotográficas feitas durante uma jornada de 15 dias em 28 municípios brasileiros, argentinos e paraguaios, no fim do ano passado. O objetivo foi pesquisar a cultura e a história sob o ponto de vista de nove áreas temáticas, incluindo arquitetura, flora, fauna, geografia e história jesuítica. A expedição histórico-cultural, orientada pelo designer italiano Giulio Vinacia, de Milão, resultou na elaboração de um catálogo com ícones culturais usados hoje pelos artesãos na composição das peças, cuja primeira coleção foi lançada em maio com o tema "O Mundo Jesuítico Guarani".
Toda a atividade faz parte do Programa Ñandeva "todos nós" na língua guarani. Instalado em um pavilhão reformado dentro da Hidrelétrica de Itaipu, no Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), o Ñandeva surgiu a partir da percepção de que falta identidade cultural no artesanato vendido na região, conforme diz a coordenadora geral do programa, Ana Cristina Nóbrega.
Segundo Ana, além de contribuir para a criação de um artesanato representativo dos três países, o Ñandeva busca criar postos de trabalho e oferecer produtos que despertem o interesse dos turistas, lançando assim um olhar contemporâneo do artesanato. Para se chegar a esse patamar, são feitas pesquisas históricas, antropológicas e de mercado. "Assim passamos a ter um produto de referência cultural que conta uma história sem ser óbvia. Queremos que o turista leve mais um pouco da nossa cultura e ambiente que nos cerca", diz.
Vendas
As primeiras peças Ñandeva serão comercializadas experimentalmente em uma loja de artesanato situada na própria Itaipu Binacional. A longo prazo a idéia é ampliar a venda para outros locais e exportar as peças, ampliando a renda dos artesãos de Foz do Iguaçu, cidade onde hoje vende-se R$ 1 milhão em artesanato ao mês, segundo Ana.
Cada produto vem acompanhado de uma etiqueta explicativa sobre o ícone adotado pelos artistas. Entre as peças já elaboradas há utensílios, bijuterias, decoração, confecção, sabonetes e bolsas. Em todas elas, são usados ícones da região, como plantas ornamentais, símbolos da colonização alemã ou dos índios guaranis.
Atualmente, 200 artesãos da região estão cadastrados no projeto Ñandeva. Eles participam de oficinas oferecidas periodicamente no PTI. Uma das participantes do projeto é a paraguaia Margarita Arias, 49 anos. Nascida em uma família de artesãos, ela vende peças em couro no município de Ciudad del Este, fronteira com Foz do Iguaçu. Em março, Margarita participou de uma oficina do artesanato Ñandeva no PTI e agora produz as primeiras peças. "Meu objetivo é colocar o artesanato no lado brasileiro, onde tem mais turistas. Quero incrementar meu trabalho", diz.
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