Foi por meio da arte que as irmãs Rosângela e Elís Regina Sofa encontraram um modo para superar seus limites. As duas sofrem de atrofia espinhal, não andam e durante 10 anos fizeram sessões de Fisioterapia no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Há seis anos, entre uma consulta e outra, tomaram conhecimento do grupo de arteterapia promovido por professores do curso de Terapia Ocupacional da universidade. "Na época a gente nem imaginava que chegaria aonde estamos hoje", conta Rosângela, que, junto com a irmã, já expôs vários de seus trabalhos.

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Segundo a presidente da Associação Brasileira de Arteterapia, Joya Eliezer, a arteterapia visa à criação estética e a elaboração artística em prol da saúde. Para isso são utilizadas as linguagens plástica, sonora, dramática, corporal e literária, envolvendo as técnicas de desenho, pintura, modelagem, tecelagem, sonorização, musicalização, dança, drama e poesia. Por meio dessas ferramentas, a terapia visa a auxiliar no diagnóstico e tratamento de problemas físicos, psicológicos e motores. "A arteterapia ajuda no sentido de proporcionar um canal para que a pessoa expresse aquilo que com palavras não conseguia exprimir", resume.

Mudança de rumo

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Desde que entraram em contato com a pintura, Rosângela e a irmã deram um novo rumo a suas vidas. Além de se sentirem mais capazes, mais confiantes, as duas contam que passaram a ser muito mais motivadas. A arte acabou conquistando também a mãe das jovens, dona Cleuza, que superou a depressão com a ajuda dos pincéis. "Comecei por causa das meninas e acabei me apaixonando pela pintura. Hoje, se pudesse, não faria outra coisa, ficava só pintando", comenta.

De acordo com a psicóloga e mestre em arteterapia Selma Ciornai, o método pode ter inúmeras aplicações. Pode beneficiar pessoas em reabilitação física, com deficiência mental, portadores de doenças degenerativas, distúrbios de comunicação, problemas afetivos e psicológicos, bem como ser utilizada no ambiente escolar – para ajudar crianças com dificuldades de aprendizado, falta de concentração ou hiperatividade.

A arteterapia pode ser aplicada em grupos ou individualmente. Em Curitiba, as psicólogas Ângela Dourado e Sousa e Simone Bonacordi Korkievicz realizam uma oficina de artes manuais chamada Colcha de Retalhos, que reúne um grupo de dez pessoas. Segundo Ângela, o trabalho visa ao desenvolvimento da autoconfiança, da concentração e da criatividade, utilizando uma colcha de retalhos como símbolo do crescimento e transformação pessoal de cada participante.

O coordenador do curso de Terapia Ocupacional da UFPR, Milton Mariotti, ressalta que a arterapia tem como foco a saúde do paciente. Trata-se de uma maneira de o paciente exteriorizar os sentimentos e sensações presentes no inconsciente. Para isso, é fundamental que seja acompanhado por um profissional da saúde treinado para interpretar e compreender essas manifestações.