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MEIO AMBIENTE

Árvore em extinção na Amazônia gera renda em negócio sustentável

Quando maduros, os frutos da ucuubeira se rompem e as sementes caem, formando um tapete vermelho. | Divulgação
Quando maduros, os frutos da ucuubeira se rompem e as sementes caem, formando um tapete vermelho. (Foto: Divulgação)

Um fruto amazônico de nome exótico, a “ucuuba”, é a nova aposta da indústria de cosméticos Natura para uma linha de produtos destinados à hidratação da pele. A semente de polpa vermelha com a consistência de manteiga é também mais uma fonte de renda para 600 famílias de agricultores e pescadores no estado do Amazonas.

A ucuubeira, ou “árvore da manteiga”, na língua Tupi, é uma espécie em extinção, comumente abatida para produção de cabos de vassoura. O aproveitamento da semente para fabricação de sabonetes e cremes interrompeu a extração indiscriminada e está gerando um novo ciclo entre as comunidades envolvidas pela empresa na atividade de coleta e fornecimento.

O trabalho é feito em parceria com associações e cooperativas, seguindo as diretrizes do Programa Amazônia, criado em 2011 pela Natura para tornar a região amazônica um polo de inovação, tecnologia e sustentabilidade.

O agrônomo Ronaldo Freitas, gerente de sustentabilidade da empresa e responsável pelo projeto da ucuuba, explica que os ribeirinhos são estimulados a manter a floresta em pé e a colher até 70% dos frutos que caem das árvores, deixando o restante na natureza. O ciclo natural das árvores é respeitado, o que significa que a produção é variável. A rentabilidade do manejo sustentável é um forte elemento de reeducação dos extrativistas.

O abate de uma árvore rende em média R$ 7. No sistema de coleta e extração do óleo organizado pela Natura, cada quilo de ucuuba rende R$ 1,60. E uma árvore é capaz de produzir entre 50 e 70 quilos de sementes por ano. Os trabalhadores são remunerados também de forma indireta. Pelo sistema de repartição de benefícios, característico do fair trade (do inglês, comércio justo), as cooperativas e associações recebem verba para melhorar sua infraestrutura e oferecer capacitação técnica aos trabalhadores.

O conhecimento tradicional também gera renda para a comunidade. No caso da ucuuba, a Natura recompensa o conhecimento prévio dos ribeirinhos sobre o alto teor de hidratação e o chamado “toque seco” (não gorduroso) que a manteiga apresenta. A empresa economizou etapas de pesquisa e investimento financeiro por causa dessa informação. No passado, ela foi usada como óleo comestível e em lamparinas.

Os produtos da linha Natura Ekos Ucuuba têm duas etapas de lançamento, que correspondem aos ciclos de coleta da semente. Nesta semana, a empresa está apresentando três itens para o corpo: uma manteiga reparadora, um hidratante para as mãos e partes ressecadas e um hidratante desodorante corporal.

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