Por causa do risco iminente de queda, uma corticeira (Erytrina falcata) tombada pelo Patrimônio Histórico do Paraná começou a ser cortada na manhã desta sexta-feira (23), em Curitiba. A decisão foi inédita, segundo a secretaria municipal do meio ambiente, responsável pelo corte, e tomada após avaliação de técnicos e engenheiros florestais, que monitoravam a árvore havia cerca de um ano.
A corticeira ficava na Rua Carmelo Rangel, na altura do número 886, entre os bairros Batel e Campina do Siqueira, e apresentava uma inclinação não natural, segundo o engenheiro agrônomo Heitor Costa Neto, gerente de licenciamento ambiental da secretaria municipal do meio ambiente. "Havia uma inclinação recente, que havia sido provocada pelo deslocamento da raiz no solo onde se encontrava, e não havia meios de correção", explica Costa.
Para que uma árvore não possa ser derrubada, ela pode ser declarada imune de corte, pela prefeitura de Curitiba, ou pode ser tombada como bem natural de interesse histórico, pelo governo do Estado. "No primeiro caso, a árvore só pode ser removida com um decreto do prefeito", explica Costa. "No caso de um patrimônio histórico, não há uma legislação para destombamento", diz. "Para o corte da corticeira, somente com aprovação da Coordenadoria do Patrimônio Cultural, da Secretaria de Estado da Cultura", complementa o engenheiro.
Da detecção do risco de queda até o corte da árvore, foram aproximadamente três meses, segundo o engenheiro. "A conclusão não foi de que a árvore cairia imediatamente, mas que havia condições para que em um curto prazo ocorresse a queda", diz. Em novembro de 2008, depois de confirmado o risco de queda por uma equipe de engenheiros florestais, a secretaria municipal do meio ambiente comunicou a Coordenadoria do Patrimônio Cultural. "Entregamos um laudo de vistoria, e a decisão teve ainda o aval de um especialista independente, da Universidade Federal do Paraná", conta Costa.
A licença para o corte foi concedida nesta semana. Para remover o bem tombado, a secretaria municipal do meio ambiente aguardou até o fim do mês de janeiro para que as sementes da corticeira já estivessem maduras. "A secretaria se comprometeu a criar 50 mudas da árvore cortadas, das quais pelo menos 20 serão plantadas pela cidade", diz o gerente de licenciamento ambiental.
Foi a primeira vez que uma árvore tombada teve o corte aprovado pela secretaria municipal do meio ambiente. A corticeira possuía cerca de 70 anos, aproximadamente 18 metros de altura, e foi tombada em 1974. Segundo Costa, a espécie não é rara na cidade, uma vez que há mais de 90 corticeiras nas proximidades do local, na Avenida Iguaçu. "A árvore foi tombada mais pelo valor histórico do que pelo caráter ambiental", afirma.
Em Curitiba, cinco árvores são tombadas pelo Patrimônio Histórico do Paraná. Outras 21 são consideradas imunes ao corte pela secretaria municipal do meio ambiente.
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