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Linha Verde, uma das vias com maior risco de atropelamento na capital paranaense, de acordo com a pesquisa | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Linha Verde, uma das vias com maior risco de atropelamento na capital paranaense, de acordo com a pesquisa| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo

Pedestres em risco no centro e no bairro

A vendedora Olga Frogel, de 43 anos, diz que já viu muita gente morrer no cruzamento da Avenida Marechal Floriano com a Rua Visconde de Guarapuava. "Vi um senhor ser atropelado por um ônibus em frente à loja em que trabalho", conta. Porém, de alguns meses para cá, ela afirma não ter visto mais atropelamentos. "Sinto que eles diminuíram depois que foram colocadas grades pela Marechal, o que força as pessoas a atravessarem a rua só nas faixas de segurança."

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Vias críticas recebem intervenções

Na BR-476, os dois lugares de maior risco – até 2007 – eram nas proximidades do viaduto do Xaxim e na frente da Churrascaria Nova Estrela. O problema é que parte do trecho, que pertencia à BR-116, passou por uma grande reforma, mudou de perfil e agora recebeu o nome de Linha Verde – e não há um levantamento como o feito pela arquiteta Jussara Maria Silva para afirmar se hoje os riscos de atropelamentos diminuíram nos locais apontados pela pesquisa. O coordenador das obras da Linha Verde, Wilson Justus, lembra que o projeto já previa melhorias para os pedestres.

"O local nasceu como rodovia, mas aos poucos as pessoas começaram a viver no entorno e a urbanizar a região. Era grande o número de atropelamentos antes, por isso a melhor saída foi levar a rodovia para outro lugar e melhorar as condições de acesso dos pedestres, transformando a rodovia em rua com características urbanas. Hoje ela tem semáforos, faixas de pedestres e irá receber, em breve, redutores de velocidade", diz.

A diretora de trânsito da Urbs (estatal municipal que gerencia o trânsito em Curitiba), Rosângela Batistella, lembra ainda que as avenidas como a Anita Garibaldi e Marechal Floriano também receberam intervenções depois de 2007, por isso seria necessário uma nova pesquisa para ver se os dados ainda refletem a atualidade. Segundo ela, nas rua com canaletas, como a Padre Agostinho, a prefeitura pretende instalar faixas elevadas próximo às estações-tubo para diminuir o número de atropelamentos. (PM)

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O risco de alguém ser atropelado em Curitiba é maior nas avenidas Toaldo Túlio, Paraná e Anita Garibaldi, na Rua Francisco Derosso e na BR-476/Linha Verde. É o que aponta uma pesquisa feita entre 2005 e 2007 pela arquiteta Jussara Maria Silva, professora das universidades Positivo e Tuiuti. Ela levou em conta o número de pedestres que circulam pela via e a quantidade de acidentes no local nos três anos de análise. A conclusão a que se chega é quem nem sempre as ruas mais frequentadas pelas pessoas são as que têm mais acidentes. O trabalho foi apresentado como tese de doutorado pela Universidade de Santa Catarina (UFSC).

Só para se ter uma ideia, circulam na Rua XV de Novembro, esquina com a Marechal Floriano Peixoto, cerca de 7.060 pessoas por hora e no período de três anos foram atropelados dois pedestres. Já na Toaldo Túlio, no bairro do São Braz, passam, por hora, cerca de 237 pessoas (o que equivale a 3% do movimento da primeira) e foram atropeladas em três anos o dobro de pedestres, ou seja, quatro.

Os dados dos atropelamentos foram levantados no Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate). "Uma das motivações para o estudo foi analisar não apenas a quantidade de acidentes em uma via, mas os outros fatores envolvidos", diz Jussara.

Das 196 ruas de Curitiba que tiveram pelo menos sete atropelamentos nos três anos da pesquisa, Jussara selecionou 15 delas. Ela levou em conta, além da quantidade de atropelamentos, outros conceitos para a escolha, tais como: vias que estão mais conectadas na malha viária, que são mais cuidadas e têm um movimento maior de pedestres.

No ranking da pesquisa, os pontos mais problemáticos normalmente estão próximos de locais como shoppings, terminais de ônibus, supermercados, restaurantes e escolas. Os horários de maior registro de acidentes com pedestres são, geralmente, entre final da tarde e início da noite. "Os atropelamentos são eventos difíceis para se compreender e dar soluções. Envolvem uma série de fatores, inclusive a desatenção do próprio pedestre", afirma.

Para chegar aos motivos dos acidentes, Jussara analisou as condições físicas da rua. "Demos nota de 0 a 100 para o fator andabilidade, ou seja, se a via é larga, tem calçadas em bom estado, tem meio fio, semáforos em número suficiente e acesso para idosos e deficientes", explica. Das 15 ruas analisadas, apenas a XV de Novembro chegou próximo a 100. A Manoel Ribas (esquina com Jacarezinho) levou nota mediana e todas as outras ficaram com nota inferior a 59, o que significa dizer que não cumprem nem metade dos requisitos apontados como essenciais para a segurança dos pedestres.

O obstáculo na calçada é um dos problemas para quem anda na rua. Na última segunda-feira, Roselaine Ferreira Franco, de 32 anos, foi atropelada na Avenida Sete de Setembro, próximo ao Shopping Curitiba, depois que teve de sair da calçada porque havia uma pessoa lavando o local. "Fui para a rua porque não queria me molhar, pisei no cantinho, do lado do meio-fio, e não vi o carro. A pancada fez eu girar duas vezes e cair no chão", conta. Roselaine foi levada ao Hospital Evangélico porque teve hematomas na perna e recebeu atestado médico por três dias.

Se for levado em conta apenas o número de acidentes nas ruas (sem o fluxo de pedestres), a Sete de Setembro aparece em segundo lugar com a maior quantidade de atropelamentos. Em primeiro está a Marechal Floriano.

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