Público-alvo
Cursos nacionais também são procurados por professores
O público-alvo dos cursos internacionais são estudantes de todas as partes do mundo que têm interesse em aprofundar seus conhecimentos com professores de universidades famosas e ver o que se produz de diferente nessas instituições. As duas plataformas mais usadas são o Coursera que é das universidades de Stanford, Princeton, Pennsylvania e Michigan e o Edex lançado por Harvard e pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT).
O perfil dos que acessam os cursos das instituições nacionais é um pouco diferente. Na Universidade Estadual Paulista (Unesp) não são apenas estudantes que buscam as aulas on-line, mas professores que procuram material de apoio com qualidade para usar em sala. Além de integrar a Univesp, a universidade mantém o Unesp Aberta, que oferece cursos à população. "Temos 32 mil usuários de todos os cantos do país. No caso dos professores, recebemos também um público que dá aula para ensino fundamental e médio, pois existe muita carência de material nessas áreas", diz o coordenador do Núcleo de Educação a Distância da Unesp, Klaus Schlünzen Júnior.
Veja algumas plataformas que reúnem cursos on-line de universidades brasileiras e estrangeiras:
Coursera
Reúne aulas das universidades de Stanford, Princeton, Pennsylvania e Michigan. A Fundação Lemann fez uma parceria com o Coursera, e passará a traduzir para o português alguns cursos com ajuda de voluntários. Saiba mais em: http://fundacaolemann.org.br/blog/coursera.
Edex
Lançado por Harvard e pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Univesp
Traz cursos de educação a distância e aulas abertas à comunidade. Reúne as três maiores universidades do estado de São Paulo: USP, Unesp e Unicamp.
Veduca
O portal traz as aulas das disciplinas de Física Mecânica Básica e Probabilidade e Estatística da USP, com direito a certificado e tutor. Também há aulas abertas de outras universidades.
Para os profissionais
Profissionais que estão no mercado e não têm necessariamente interesse acadêmico também podem fazer um curso on-line gratuito. Os que a Fundação Getulio Vargas (FGV) oferece nesse formato são essencialmente para o público corporativo, que quer tirar alguma dúvida pontual ou se atualizar. No site estão disponíveis sete cursos, que têm entre 10 e 12 horas de duração.
Fazer intercâmbio não é mais a única forma de aproveitar os conhecimentos de uma universidade estrangeira. Hoje é possível assistir a uma aula de Harvard ou de outra instituição de renome internacional sem sair de casa. Basta um simples cadastro nos chamados Massive On-Line Open Courses (Moocs) cursos gratuitos ofertados pela internet para que o interessado tenha acesso ao mesmo conteúdo dos estudantes americanos. O modelo, que começou nos Estados Unidos, ainda é recente no Brasil, mas começa a ser utilizado pelas maiores instituições do país.
Em um Mooc todas as aulas de uma disciplina são ofertadas na internet e qualquer pessoa pode assisti-las integralmente, cumprindo inclusive tarefas e provas exigidas por um curso presencial. Há também o acompanhamento de um tutor, que pode ser um professor ou um aluno. São módulos de 48 ou 64 horas, concluídos, em média, em seis ou oito semanas. Ao final o participante recebe um certificado. Para quem faz e é estudante de graduação ou pós de qualquer instituição de ensino superior no Brasil, o certificado serve como extensão.
As universidades brasileiras buscam, desde 2010, fazer algo parecido. Por enquanto o único Mooc de verdade é o da Universidade de São Paulo (USP), que foi lançado na última semana e oferece as disciplinas de Física Mecânica Básica e Probabilidade e Estatística.
O que se tinha até então eram vídeos isolados de aulas disponíveis para toda a comunidade. Esses vídeos funcionam de forma semelhante aos dos Moocs, mas não existe nem tutor nem provas, trabalhos obrigatórios e certificado. Na maioria das vezes não chega a ser ofertada uma disciplina completa, pois fica a cargo do professor oferecer no site aquilo que ele fez em sala.
Universidade virtual
As três maiores universidades do estado de São Paulo USP, Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade de Campinas (Unicamp) se uniram para criar uma espécie de universidade on-line, a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp).
A Univesp foi criada em 2008 e ainda não oferece cursos no formato dos Moocs, mas seus vídeos e cursos de educação a distância (EAD) já tiveram mais de 8 milhões de acessos. São materiais de todas as áreas do conhecimento. Segundo o presidente da Univesp, Carlos Vogt, a aula mais assistida é a da disciplina de Cálculo I, dada nas engenharias.
Prazo
Segundo o relatório NMC Horizon 2013 sobre educação superior, a tendência é que o impacto dos Moocs sobre a educação possa ser percebido em um ano.
O desafio neste momento, segundo os especialistas, é identificar e resolver problemas como controle de usuários para emissão de certificados e diminuição da evasão, já que é mais fácil desistir de um curso on-line.
Além disso, é preciso achar métodos para incorporar um curso on-line no currículo dos presenciais, como forma de melhorar o aproveitamento de quem faz as aulas pela internet.
Plataforma é vitrine da universidade
Os cursos gratuitos on-line nas instituições brasileiras têm, além da função básica de disseminar conhecimento de qualidade para a população, o efeito de funcionar como vitrine para o que se faz na universidade. A ideia é que qualquer um saiba o que se produz na sala de aula de uma instituição famosa e renomada como a USP, na qual o acesso nem sempre é fácil, pois é feito por um dos vestibulares mais concorridos do país.
A exposição do trabalho e a circulação dele pelo país de forma mais fácil e ampla que os artigos científicos, por exemplo, ajudam as universidades a subirem nos rankings de qualidade, inclusive os internacionais. "Conta muito a imagem que temos na hora da pontuação. É uma forma de internacionalizar a instituição", explica o coordenador do Núcleo de Informática Aplicada da Unicamp, José Armando Valente.
Para o próximo semestre a Unesp estuda trazer para seu site aulas dadas por professores de países como Estados Unidos, Dinamarca e Espanha. Existe também a possibilidade de os vídeos serem traduzidos para o inglês para que estudantes de fora possam acessá-los.
Melhora
Existe ainda uma outra vantagem, mesmo que sutil. Para produzir o material que vai para o site, os professores passam, segundo o presidente da Univesp, Carlos Vogt, a se preocupar ainda mais com a qualidade do conteúdo, pois sabem que mesmo um simples material do dia a dia vai para além da sala. "Há um reflexo direto e visível no resultado do trabalho dos professores, até porque eles também serão vistos por seus pares", diz.
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