Desempenho
Polícia ganha elogios, mas só fora do Brasil
Enquanto os policiais aparecem entre os cinco profissionais mais confiáveis no ranking internacional, com 75% da aprovação, no Brasil a categoria está em 15º lugar, com 51%, um pouco acima de sindicatos, executivos de bancos e políticos, os últimos colocados. Para o cientista político e sociólogo da UFPR Ricardo Costa de Oliveira, mais do que uma rixa pessoal, a posição pode indicar a ineficiência da organização aos olhos da população. "Como qualquer pesquisa de opinião, ela reflete uma situação determinada. No caso da baixa avaliação dos policiais por aqui acredito que isso seja um reflexo dos índices de criminalidade e de escândalos de maus profissionais divulgados pontualmente."
Já o professor Pedro Bodê, do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos também da UFPR, acredita que a pesquisa vem reforçar o mau comportamento da polícia que outras pesquisas, como os relatórios da Organização das Nações Unidas e a Anistia Internacional, já apontaram. "Esses relatórios mostraram que a polícia está matando demais. O comportamento das polícias militares, que têm um caráter mais ostensivo, é violento e pouco próximo da sociedade". Ele acredita que, embora haja um esforço para mudar isso nas corporações, as medidas adotadas até agora não são suficientes. "Cursos não são capazes de mudar isso. Só medidas como o investimento em uma fiscalização imparcial, como uma corregedoria desvinculada, podem começar a melhorar a credibilidade desses profissionais", diz.
De um lado, bombeiros, carteiros, professores e médicos com uma taxa de aprovação com a qual os presidentes Lula e Barack Obama apenas sonham. De outro, os políticos e a polícia. Uma pesquisa do grupo alemão GfK mediu a credibilidade de 20 categorias diferentes de profissionais e instituições. Com mais de 18 mil pessoas entrevistadas (mil só no Brasil), o estudo aponta quem, na opinião do povo, é digno de confiança.Os bombeiros foram unanimidade e estão no 1.º lugar desde o ano passado, com 98% de aprovação dos brasileiros. Desde maio, o socorrista Roberto Chinda possui não só o reconhecimento da população, mas também o dos seus colegas de 1.º Grupamento, que engloba os 10 quartéis do Corpo de Bombeiros de Curitiba. Ele foi eleito o bombeiro do mês. "Ter esse reconhecimento significa que eu fiz o que era esperado e tive um comportamento exemplar no meu trabalho e com meus colegas", conta um satisfeito Chinda, que está há nove anos na corporação.
O subcomandante do grupamento, major Ricardo Silva, explica que a eleição ocorre todo mês. "Os 350 bombeiros colocam na urna o nome de um colega. É o reconhecimento dos pares por um trabalho bem desempenhado e um comportamento exemplar". A fotografia do bombeiro eleito passa a fazer parte de uma galeria com os outros escolhidos durante o ano.
A carteira Simone do Rocio Meira da Silva, 38 anos, é representante da categoria que conquistou o 2.º lugar de confiança no coração do brasileiros, com 92% de aprovação. Com oito anos de profissão, ela acredita que a confiança venha do contato direto e diário com as pessoas a quem atende. "Eles até reclamam quando há uma mudança. Já estão acostumados com o meu jeito e estranham qualquer pessoa diferente". No Santa Quitéria, onde trabalha, Simone é conhecida de Terezinha Nazarko, salgadeira do bairro. "Converso com a Simone toda vez que ela passa por aqui, conhece até meus netos."
Efeitos da crise
Promessas não cumpridas em época de crise financeira mundial podem ser, segundo o cientista político e sociólogo da Universidade Federal do Paraná Ricardo Costa de Oliveira, o motivo pelo qual os políticos aparecem em última posição na lista brasileira, atrás de outras 19 diferentes profissões. No ranking internacional, a categoria também ocupa as últimas colocações.
O estudo da GfK revela ainda uma curiosidade: o índice de confiança nos diretores de grandes empresas continua em queda mundialmente desde 2008, ano em que a crise financeira mundial começou com o estouro da bolha imobiliária norte-americana. A aprovação desses profissionais passou de 36% da população mundial para 33% no ano passado e 31% este ano.
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