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Andréa El Omeiri (à esq.), Márcia Almeida e Solange Elias, comandantes da Bazaar Fashion | Júlio César Souza
Andréa El Omeiri (à esq.), Márcia Almeida e Solange Elias, comandantes da Bazaar Fashion| Foto: Júlio César Souza

As irmãs Andréa e Márcia Cardoso de Almeida foram criadas para ser doutoras, usar tailleur e beca de advogada. Mas acabaram fisgadas pela moda, que as transformou nas mais célebres empresárias desse ramo na cidade, ao lado de sua sócia Solange Elias. Há 15 anos, as três se uniram para fundar a Bazaar Fashion, templo da moda de luxo em Curitiba, cujo nome evoca glamour e sofisticação. Pelo salões do palacete neoclássico da Sete de Setembro circulam algumas das mulheres mais poderosas da cidade e até mesmo do país – e às vezes alguns homens também. Para algumas, estar na Bazaar significa bem mais que fazer compras, é uma celebração à vaidade e ao prazer de desfrutar a vida. Lá, o tapete vermelho é um flute de champagne acompanhado de comidinhas chiques e leves.

Ainda adolescentes, Márcia e Andréa foram com a mãe, Ivony – ex-Miss Paraná – ao Rio de Janeiro para um casamento. Aproveitaram a viagem para comprar biquínis em um atacadista de Copacabana que a mãe, sempre antenada com a moda, já conhecia. Ao ouvirem que só poderiam levar se fosse em grande quantidade, decidiram encher a mala. "Quem sabe vendemos para as amigas", pensaram as duas. Na mosca. Tirando os delas, venderam tudo. Nessa época, Márcia, com 16 anos, dava aulas de inglês num jardim de infância, e Andréa, 14, ainda não trabalhava. Animadas com as vendas, resolveram comprar mais e começaram a bater ponto na rodoferroviária de Curitiba rumo à Cidade Maravilhosa para encher malas e mais malas de roupas. Pegavam o busão felizes da vida e iam atrás das mercadorias que encantavam as curitibanas. Descobriram outros atacadistas e foram ampliando o leque de peças compradas. Como não eram empresárias estabelecidas, o pai, José Cardoso de Almeida, dono de um posto de combustível na Vicente Machado, emprestou a razão social para as filhas. Mas logo exigiu que abrissem uma "firma" própria, pois não achava certo misturar gasolina com moda. Dito e feito. As duas montaram uma lojinha de 20 m2 ao lado do posto paterno.

Vida de sacoleiras

Com o negócio crescendo, o ônibus foi substituído pelo avião e a lojinha que cheirava a gasolina e óleo diesel foi transferida para a casa delas, ou seja, dos pais. "Transformamos nossa casa praticamente numa loja departamentalizada", conta Andréa. Quando iam ao Rio renovar o estoque gastavam quilômetros de sola de sapato perambulando por Copacabana, Leblon e Ipanema atrás de novidades. "Subíamos 20 andares de elevador e depois íamos descendo pela escada, parando de andar em andar, para escolher as peças. A gente ficava com marcas nas dobras dos braços de tanta sacola que carregávamos", relembra Márcia, às gargalhadas.

Agora, além do Rio, elas também traziam roupas de São Paulo, da Fenit. Aos 21 anos, Márcia se casou e trancou a faculdade de Direito no quarto ano. Andréa casou-se aos 24 e nem chegou a entrar na faculdade. Os maridos estimularam que abrissem uma loja. Assim nasceu a Hyten, no Shopping Hauer, em 1987. Nessa época, já dividiam os mesmos fornecedores com a paulistana Daslu. Quatro anos depois, abriram uma segunda Hyten, no Shopping Novo Batel. Eram vizinhas de Solange Elias, que também tinha uma butique de roupas femininas lá. Com a inauguração do Crystal, Márcia e Andréa levaram a loja para lá. Em janeiro de 1997, Solange decidiu propor sociedade às duas irmãs para montar uma maison no palacete da Sete de Setembro, que ela namorava havia tempo. Como já se conheciam, a aproximação foi natural. "Éramos concorrentes, mas as clientes eram as mesmas. Achei que tínhamos de somar a receita e dividir a despesa", diz Solange, formada em Administração e responsável pela parte administrativa da sociedade. E foi assim que em 3 de outubro daquele ano nascia a primeira maison multimarcas de luxo de Curitiba, fruto da cara e coragem de três mulheres empreendedoras natas, que apostaram alto num conceito de negócio ainda incerto para a Curitiba de então.

Vitrine de luxo

Uma década e meia depois, a Bazaar Fashion é referência em luxo e bom gosto, com seus 800 m2. Além das curitibanas, recebe clientes de outros estados. Algumas descem com seus jatinhos e são buscadas no aeroporto para uma tarde de compras. Executivos de grandes grifes que vêm à cidade também não vão embora sem uma visita à loja. A cena vista 15 anos atrás na festa de inauguração da Bazaar, com o trânsito congestionado na Avenida Sete de Setembro, deve se repetir na próxima sexta-feira quando elas celebram a data com uma festa black-tie no Castelo do Batel, com convidados de todo o Brasil, regada a show de Preta Gil. As três mosqueteiras da moda não estão para brincadeira.

Especial / Perfil: Este perfil faz parte de uma série que retrata, periodicamente, figuras da sociedade de Curitiba e do Paraná.

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