Ao sair do trabalho, o montador de móveis Thiago Lamar Viol, 17 anos, acreditou que a noite do último dia 22 seria igual a tantas outras. O adolescente não esperava sentir de perto a violência que tanto ouvia falar. Quando buscava a namorada, de 14 anos, e o irmão dela, de 11 anos, em casa, na Vila Americana (Sítio Cercado), dois jovens chegaram (um deles em uma bicicleta) e abordaram os três. Ao ouvir que era um assalto, Viol prontamente entregou a pequena bolsa que tinha em mãos.
Para dificultar, a luz da casa da namorada estava apagada e a iluminação pública da rua era precária. Mesmo não tendo reação, ele levou um soco no rosto. Quando foi empurrado, ouviu de um dos assaltantes: "dá um tiro nele". Foram segundos de pavor, até ouvir o estampido que passou de raspão no braço, mas causou a perfuração dos pulmões e do fígado.
Os assaltantes fugiram sem levar a mochila e o celular que o trio tinha. "Não sentia nada, não tinha dor. Só percebi que tinha levado um tiro quando levantei do chão e vi minha namorada gritando", diz ele.
O saldo de uma violência que durou não mais do que cinco minutos, conforme Viol, foi uma cirurgia de emergência e uma internação que já dura seis dias. Para o médico que o atende, Carlos Naufel Júnior, no Hospital Evangélico, o rapaz chegou em estado grave, com lesões no pulmão, no fígado, no diafragma e em choque pela quantidade de sangue perdida. Ao sair do hospital, segundo o médico, Viol terá uma diminuição no condicionamento respiratório. Com fisioterapia, porém, deverá estar recuperado em um ano. "O fato de ele ser jovem, não ser usuário de drogas, não fumar e não beber ajuda muito na sua recuperação", afirma o médico.