Quando o medo fala mais alto, a busca por locais mais seguros de trabalho pode se tornar a principal alternativa. É isso o que ocorreu com o comerciante Sandro*. Depois de ter sido assaltado duas vezes em menos de dois meses, ele começa a procurar um novo espaço para se instalar. Com receio da criminalidade na região do bairro Santa Cândida, em Curitiba, ele cogita a possibilidade de mudar de cidade. A reportagem foi feita pela Tribuna do Paraná no projeto “Caçadores de Notícias”.
“Penso em ir para Joinville, em Santa Catarina. Tenho uma parente morando lá e já conheço o município. É bem mais tranquilo do que aqui. Acho que assim poderei trabalhar com mais tranquilidade”, explica.
Comércio fechado
A poucos quilômetros dali, uma loja de artigos para informática, instalada na Estrada de Santa Cândida, saiu do bairro. O empresário optou por encerrar as atividades no local depois que quatro homens invadiram o comércio, na madrugada de 20 de agosto, e deixaram um prejuízo superior a R$ 8 mil.
A PM, solicitada por telefone, só apareceu depois de dois dias. À Tribuna, o empresário adiantou que, junto com o sócio, escolheria outro local para trabalhar. Nesta semana, a reportagem confirmou que o imóvel agora é ocupado por outras pessoas.
A solução vem após os dois crimes registrados no comércio dele, entre os meses de abril e junho deste ano. “Na primeira ocorrência, apareceu um rapaz sozinho e armado. Eram por volta das 22h. Ele entrou, anunciou o assalto, levou todo o dinheiro do caixa e alguns produtos também. Já o segundo caso (dias depois) foi mais tenso. Três bandidos entraram aqui, sendo dois armados, revistaram todo mundo que estava dentro e fizeram a limpa”, desabafa.
Por causa disso, Sandro* contratou um segurança para permanecer na entrada do estabelecimento diariamente. “O nosso gasto aumenta, mas pelo menos nos sentimos um pouco mais seguros”. Segundo o comerciante, ao menos uma vez por mês há algum crime registrado nas ruas ou quadras próximas. “Na semana passada, assaltaram o pessoal no ponto do ônibus. Levaram celular, bolsas e carteiras dos meus vizinhos”.
Um dos problemas apontados pelo comerciante é a precariedade da iluminação pública em uma esquina próxima. Segundo ele, um dos postes, que não funciona, se tornou quase um “esconderijo” para os criminosos. “Eles ficam ali só manjando a gente e, na primeira oportunidade, anunciam o assalto”.
Ele afirma que solicitou a substituição das lâmpadas de dois postes para a prefeitura em junho deste ano. “Vieram, arrumaram só um e o problema continuou”. Procurada, a prefeitura de Curitiba garantiu que vai mandar uma equipe até o local ainda nesta semana. Caso seja identificado algum problema, a promessa da administração municipal é que será resolvido de imediato.
*Sandro é um nome fictício. Por questões de segurança, o entrevistado preferiu não se identificar.
PM demora
A vítima dos dois assaltos alega que não vê policiais há meses. De acordo com Sandro, na última ocorrência, a PM foi acionada pelo 190. O telefonema foi feito às 22h e os policiais só chegaram depois da meia-noite. “Me falaram que a demora é porque eles precisam patrulhar todos os bairros vizinhos”.
Em nota, a Polícia Militar informou que o 20.º Batalhão realiza policiamento diuturno no Santa Cândida. Nas últimas semanas, a PM recebeu do governo do Paraná novas viaturas, inclusive no bairro citado. A corporação disse também que os mais de 2 mil alunos soldados em formação no estado estão iniciando o estágio operacional supervisionado nas ruas, o que reforça o patrulhamento. Segundo a PM, operações especiais do Bope são realizadas pela região, em dias e horários específicos.
A orientação é para que comerciantes e moradores repassem características dos suspeitos e informações como placas de veículos à Policia Civil, a quem cabe investigar e identificar suspeitos. A corporação reforça a importância de vítimas registrarem boletins de ocorrência, o que embasa as ações policiais e se coloca à disposição da população pelo 190.
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