A Vila Pantanal, localizada no bairro Alto Boqueirão, em Curitiba, viveu um dia marcado por protesto de moradores e boatos de toques de recolher que geraram o reforço de policiamento, nesta quarta-feira (21). A tensão na localidade começou após o assassinato de um jovem, ocorrido na noite de segunda-feira (19). Dois suspeitos de envolvimento no crime chegaram a ser presos, mas foram liberados.
O clima de hostilidade na vila se intensificou na terça-feira (20), durante o velório de Everton Jonathas Rebelatto, de 18 anos, que havia sido assassinado a tiros na noite anterior, dentro da casa em que morava. Um dos suspeitos de ter participado do crime teria ido ao velório, provocando a reação de parentes do jovem.
Segundo a Polícia Militar (PM), policiais do serviço reservado apuraram que irmãos da vítima juraram o suspeito de morte. A partir de então, a corporação reforçou o policiamento presença no bairro. Em caráter preventivo, a PM destacou duas viaturas extras, além do efetivo que normalmente faz rondas no bairro. O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) também foi acionado. Por volta das 20h35, sete carros da corporação eram mantidos na localidade.
Manifestação
No fim da tarde e na noite desta quarta-feira, cerca de 50 moradores da Vila Pantanal queimaram móveis e pneus, bloqueando uma rua. De acordo com os manifestantes, o ato foi um protesto contra o assassinato de Everton Rebelatto e contra o fato de os suspeitos estarem em liberdade.
Várias viaturas da PM acompanharam a manifestação e acionou o Corpo de Bombeiros para apagar o incêndio. "Nós saturamos a região com várias viaturas para evitar que o protesto tomasse proporções violentas", informou o aspirante José Eleutério, do 20º Batalhão.
A irmã da vítima, Vanessa Rebelatto, afirma que um dos envolvidos no homicídio é parente de um policial, o que teria motivado a ação da corporação. "A polícia veio para tirar ele [o suspeito] da vila. Quando foi para salvar a vida do meu irmão, que era um piá do bem, ninguém fez nada", disse.
A PM nega a acusação. De acordo com a corporação, familiares de suspeitos receberam ameaças de morte, por meio de ligações telefônicas anônimas, e deixaram a vila ainda na terça-feira. "Essas pessoas pediram escolta para buscar alguns bens que tinham ficado para trás. Nós fizemos esse acompanhamento para garantir a integridade dessas pessoas", explicou o aspirante.
Toque de recolher
Desde a manhã desta quarta-feira, circula pela Vila Pantanal a informação de um suposto toque de recolher. O aspirante Eleutério disse que equipes do serviço de inteligência da PM e do Bope fizeram o cruzamento de informações que apontam que o caso não passa de um boato. "Foi uma informação falsa, plantada por uma única pessoa, por um familiar da vítima", disse o policial.
Segundo o aspirante, moradores chegaram a pedir o cancelamento de aulas nas escolas do bairro, mas a PM fez um corpo a corpo com as pessoas, convencendo-as a encaminhar os filhos ao colégio. "A situação está sob controle. Nossa equipe vai passar a noite fazendo rondas na Vila Pantanal, para garantir a segurança", explicou Eleutério.
Assassinato
Everton Rebelatto foi morto a tiros dentro da casa em que morava com a família, na Rua Wilson Dacheux Pereira. Segundo o boletim de ocorrência, quatro pessoas invadiram a residência o agrediram e o assassinaram. Antes de ser morto, o jovem teria passado pelas ruas da vila em um carro em alta velocidade e quase teria atropelado uma criança.
A PM prendeu dois suspeitos, que foram encaminhados ao Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão (Ciac), mas a dupla foi liberada por falta de provas. Como tem autoria conhecida, o caso é investigado pelo 10º Distrito Policial (DP).
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