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Assassino de Dorothy Stang deixa prisão após oito anos

Assassino confesso da missionária norte-americana Dorothy Stang, Rayfran das Neves Sales deixou a cadeia ontem, oito anos depois de ter sido condenado pela Justiça do Pará a 27 anos de prisão.Rayfran -- que confessou ter dado os seis tiros que mataram Stang em 2005 -- foi beneficiado com progressão da pena de regime semiaberto para o de prisão domiciliar, pelo qual fica proibido de frequentar estabelecimentos como bares e é obrigado a dormir em casa e a se apresentar mensalmente à Justiça.

A decisão de alterar o regime foi do juiz Cláudio Henrique Lopes Rendeiro, da 1ª Vara de Execuções Penais da Justiça do Pará. O magistrado também é coordenador do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário.

A notícia causou revolta nos membros da CPT (Comissão Pastoral da Terra). "Ficou a impressão de que o crime compensa. Fica a sensação de que a impunidade acabou prevalecendo", disse o advogado da comissão, José Batista Afonso.

"Nenhum pistoleiro vai deixar de pegar uma 'encomenda criminosa' com altos valores oferecidos [pela execução] em razão de uma pena tão pequena que eles podem passar atrás das grades", afirmou Afonso.A CPT espera ter acesso à íntegra da decisão judicial até amanhã para verificar se houve erro no cálculo da progressão feito pelo juiz.

Em maio, o STF (Supremo Tribunal Federal) anulou o júri que condenou o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, a 30 anos de prisão por mandar matar Dorothy Stang. Os ministros entenderam que o direito de defesa não foi plenamente respeitado.

Bida cumpre pena em regime semiaberto e terá novo julgamento em 19 de setembro.

Missionária

Dorothy Stang foi morta aos 73 anos, com seis tiros a queima roupa, em 12 de fevereiro de 2005, durante uma emboscada numa estrada de terra em Anapu (766 km de Belém). O local do crime fica próximo a um lote de terra que ela queria que fosse desapropriado para criação de assentamento.O tiros foram dados por Rayfran das Neves Sales, que estava acompanhado por Clodoaldo Batista. Eles trabalhavam para Aimar Feijoli, o Tato, que tinha um pedaço de terra no lote que a missionária queria que virasse assentamento.

Tato vendeu a terra para Bida, que a revendeu e, depois, comprou a área de volta, de Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como Taradão.

Rayfran, Clodoaldo e Tato confessaram participação no crime, respectivamente, como autor, coautor e intermediário entre os executores e mandantes.

Tato cumprem pena em prisão domiciliar. Clodoaldo está foragido. Bida e Taradão foram condenados como mandantes do crime, o que negam. O julgamento de Taradão ocorreu em 2010, e ele também foi condenado a 30 anos de prisão.

Taradão foi solto em agosto do ano passado e aguarda em liberdade o julgamento de um recurso que apresentou à Justiça.

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