Famílias do assentamento Zumbi dos Palmares, em Iaras, a 263 km de São Paulo, iniciaram por conta própria a derrubada do que restou da floresta de pinus que recobre parte dos lotes. O corte das árvores é um protesto contra a demora do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em dar solução aos milhares de metros cúbicos de madeira que apodrecem na área. As árvores em pé e os troncos derrubados impedem os assentados de trabalhar a terra, mas eles estão proibidos de retirar a madeira dos lotes. A área foi embargada a pedido do Ministério Público Federal até que o Incra realize um leilão público para vender a madeira.
Sem condições de trabalhar a terra, parte das 360 famílias passa fome, segundo o assentado José Augusto de Deus. Ele era um dos que empunhavam motosserras, ontem, e punham abaixo os troncos de pinus. Muitas árvores cortadas já estavam mortas, atingidas por incêndios florestais. "Vamos liberar espaço nos lotes para as famílias trabalharem. Está chegando outubro, época de produzir e como está não dá para plantar. A gente cansou de pedir, mas o Incra não dá conta de tirar a madeira." Ele reclama que o pinus foi cortado há mais de dois anos e apodrece no assentamento sem trazer benefício para os moradores.
A floresta de pinus custou R$ 13 milhões aos cofres da União e o dinheiro da madeira deveria reverter em recursos para os assentados. Uma cooperativa do Movimento dos Sem-Terra (MST), contratada pelo Incra em 2008 para cortar e comercializar as toras, foi acusada de desviar o dinheiro. A Justiça Federal embargou o corte do que restava das árvores, mas autorizou a venda em leilão público. A superintendência regional do Incra em São Paulo informou, através da assessoria de imprensa, que está tomando providências para que o impasse da madeira no assentamento Zumbi dos Palmares seja resolvido com a maior brevidade possível. O Incra fará uma reunião com as famílias assentadas no próximo dia 23 para discutir os problemas do assentamento.
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