Um dos principais assentamentos do Paraná vai deixar de receber recursos da superintendência estadual do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Por decisão do ministro Guilherme Palmeira, do Tribunal de Contas da União (TCU), o Incra está impedido de repassar dinheiro para a Central de Associações Comunitárias do Assentamento Ireno Alves dos Santos, localizado em Rio Bonito do Iguaçu (Região Sudoeste do estado), e à Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária (Cotrara), entidade que presta assistência técnica para assentamentos no Paraná, entre eles, o próprio Ireno Alves, onde vivem cerca de mil famílias.

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A decisão do ministro se baseia em um relatório de fiscalização da Secretaria de Controle Externo no Paraná (Secex-PR) que aponta irregularidades na gestão de convênios técnicos e licitações por parte das duas cooperativas. O despacho de Palmeira ainda afirma "que não estariam sendo adotadas por parte da superintendência do Incra no Paraná as medidas cabíveis no sentido de resguardar o interesse público".

Por meio da sua assessoria de imprensa, o Incra informou que já foi comunicado da decisão, mas que aguarda a notificação oficial, com a apresentação dos destaques e os prazos para contestação. Apesar de não ter recebido o documento, a procuradoria do Incra já teria iniciado o trabalho de defesa para provar que a "suspensão dos repasses não faz sentido".

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A reportagem da Gazeta tentou contato com o presidente da Central de Associações de Acampamentos do Ireno Alves, Ênio Pasqualim, e com o vereador de Rio Bonito do Iguaçu, Danilo Ferreira de Almeida (PT), o Danilo Cabeludo, reconhecido como uma das lideranças do assentamento. Até o fechamento dessa edição, nenhum dos dois havia sido encontrado.

Economia

A suspensão dos repasses para as duas entidades pode representar um baque para o município de Rio Bonito do Iguaçu. Com uma população estimada em 19 mil pessoas, Rio Branco do Iguaçu é a cidade paranaense com maior número de famílias assentadas em projetos de reforma agrária. São pelo menos 6 mil pessoas vivendo nos três assentamentos localizados nos limites do município: Marcos Freire, 10 de Maio, além do próprio Ireno Alves, o maior dos três e um dos maiores do Paraná, junto com o assentamento 8 de abril, em Jardim Alegre e o Celso Furtado, ainda em fase de implementação, no município de Quedas do Iguaçu.

É a produção dos assentamentos e das cooperativas que move a economia da cidade. Tamanha força se reflete na política local. Os votos dos assentados elegeram o prefeito da cidade, Joel Alves (PT), e o próprio Danilo, que se elegeu como o vereador mais votado.