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Mobilização do MST também enfraqueceu. Crescimento econômico do país é um dos motivos | Marcelo Casal Jr/ ABr
Mobilização do MST também enfraqueceu. Crescimento econômico do país é um dos motivos| Foto: Marcelo Casal Jr/ ABr

Com menos de 44 mil famílias assentadas em dois anos, o governo Dilma Rousseff marca forte descenso no programa de reforma agrária. Em 2011, foram assentadas 22 mil famílias, a pior marca desde o governo Fernando Henrique. O Incra não divulga dados de 2012, mas reduziu a meta de 35 mil para 22 mil famílias a serem atendidas, apesar de a demanda ser de, pelo menos, um milhão de famílias.

Segundo o Incra, nos dois primeiros anos de governo, Fernando Henrique Cardoso assentou 105 mil famílias. Já o ex-presidente Lula, 117,5 mil no mesmo período de gestão.

O principal movimento social camponês do país, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), também tem diminuído sua atuação. Entre os fatores da desmotivação no campo estão o crescimento econômico, os programas sociais e a melhoria dos salários e condições de vida na área urbana. Apesar da dificuldade de mobilização, o coordenador nacional do MST, Gilmar Mauro, afirmou que neste ano o "caldo tende a engrossar" com mais ocupações e acampamentos.

Demanda

O país conta hoje com 1,23 milhão de famílias assentadas e a demanda, segundo os estudos mais otimistas, é de no mínimo mais um milhão de unidades agrárias familiares. Segundo o geógrafo Bernardo Mançano, coordenador do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos da Reforma Agrária (Nera), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a demanda por terra varia entre 1 milhão e 7 milhões de famílias. Ele vê um risco de desassentamento no país. "Sem políticas de atendimento às famílias, o Brasil pode viver um processo de desassentamento, com as pessoas deixando a terra."

Para Mançano, a reforma agrária só ganha espaço se houver pressão pública. Ele ainda afirma que, diferentemente de Lula, Dilma não tem ligação histórica com o MST e os movimentos agrários e o MST perde espaço de diálogo com o governo. Para o pesquisador, a luta no campo ganhou diferentes contornos nos últimos anos. Saíram os latifundiários, entrou o agronegócio. Diminuiu a pistolagem, entrou em campo a "judicialização".

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