O governo federal enviou sete assessores da Secretaria Geral da Presidência da República, da Fundação Nacional do Índio (Finai) e do Ministério da Justiça (MJ) para dialogar com índios munduruku que mantêm como reféns, desde a tarde de sexta-feira (21), em Jacareacanga, no Pará, três biólogos da empresa Concremat que prestavam serviços à Eletrobras. Os profissionais fazem pesquisas de impacto ambiental na região de Jatobá para o Complexo Hidrelétrico de Tapajós.
Segundo a Secretaria Geral, o objetivo imediato do governo federal é a libertar os três reféns e estabelecer o diálogo. Os assessores já estão em Itaituba, no Pará, e aguardam a abertura das conversas com os índios, que também exigem a presença do Ministério Público nas negociações. A primeira reivindicação que chegou ao governo foi para que os estudos sejam interrompidos e que haja uma consulta à comunidade.
Os biólogos estavam com acampamento montado na comunidade de Mamãe Anã há vários meses e faziam um inventário da fauna e da flora e levantamento socioambiental. Os munduruku ocuparam o canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte no fim de maio e, este mês, estiveram em Brasília, com mais de 140 índios, para se reunir com o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
Em nota, a Eletrobras informou que nenhum dos locais visitados pelos pesquisadores é terra indígena e que os índios roubaram câmeras fotográficas e computadores com os registros da expedição e o material coletado pela equipe. A estatal disse que o ato pode comprometer a qualidade dos estudos realizados e impedir sua continuação.
Na sexta-feira, os índios levaram os biólogos para a aldeia, que fica a menos de uma hora de barco da comunidade. No sábado (22), porém, os munduruku os levaram para Jacareacanga durante o dia, onde permaneceram até retornar para dormir na aldeia. Segundo o governo, a informação obtida é que hoje os índios levariam os pesquisadores novamente para o mesmo local.