Foi assinado nesta quinta-feira (3) em Foz do Iguaçu, Oeste do Paraná, o contrato para construção da segunda ponte ligando o Brasil ao Paraguai. A assinatura entre governo, através do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit), e o consórcio vencedor da licitação teve a presença do ministro dos Transportes, Paulo Passos, e autoridades dos dois países.
A partir de agora o consócio Construbase/Cidade/Paulitec tem 90 dias para apresentar os projetos básico e de execução da obra. O ministro Paulo Passos destacou o impacto que a obra deve causar na região. "Posso dizer que hoje é uma data simbólica tanto para o Brasil como para o Paraguai, pois está sendo atendida uma expectativa de décadas. A obra será um dos marcos do desenvolvimento desta região", disse.
A nova ponte, cuja construção está prevista desde 1992, já está sendo chamada provisoriamente de "Ponte da Solidariedade". Durante a cerimônia também foi anunciada a abertura de licitação para revitalização da Ponte Internacional da Amizade. "O edital da Ponte da Amizade já está publicado. Vamos arrumá-la e deixar de acordo com o que merece ser", declarou o ministro.
A nova ponte será construída no modelo estaiada. Com 760 metros de comprimento e 19 de largura, apenas veículos pesados deverão trafegar no local. A ideia é "desafogar" o trânsito na Ponte da Amizade e deixá-la liberada somente para veículos de passeio. O valor total da obra será de R$ 233,375 milhões com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O prazo para conclusão é de até três anos.
A licitação é ilegal, diz interpelação pública
A Fundação Iguassu e a Tecton - Arquitetura Planejamento Urbano Ambiental Edificações e Incorporações alertam para a ilegalidade da licitação e o risco de embargo da obra. O aviso foi dado nesta quinta-feira (3) por meio de uma interpelação pública. O documento lembra que a área pela qual a ponte será construída é considerada zona turística pelo último Plano Diretor de Foz do Iguaçu e, portanto, inadequada para receber a construção da ponte.
"O impacto ambiental e social seria grande, pois, com a construção da segunda ponte, a cidade perderia um espaço turístico com Mata Atlântica que, em breve, pode abrigar o Parque Turístico Trinacional, cuja criação é apoiada desde 2010 pelo Parlamento do Mercosul, pelo Instituto de Arquitetos do Brasil, pela Federação Pan-Americana de Associações de Arquitetos, entre tantos outros grupos", destaca o arquiteto Nilso Rafagnin, da Fundação Iguassu.
Frente a este cenário, Rafagnin sugere três mudanças. O projeto atual deveria relocalizar a ponte para 720 metros rio acima, e não mais 250 metros, o que seria suficiente para retirar as obras da zona turística. A nova ponte seria destinada apenas a veículos leves e, com a implantação do novo parque turístico, iria auxiliar o turismo regional. E, por fim, recomendam o projeto de uma terceira ponte entre Brasil e Paraguai, destinada a caminhões e trens, para formar um anel viário metropolitano trinacional.
Agora o grupo dialoga com o consórcio vencedor da licitação e com o governo para tentar implantar algumas dessas mudanças, já que, a partir desta quinta-feira (3), existe 90 dias para a elaboração do projeto executivo da ponte.
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