Genebra - Em 20 anos, acidentes de carros matarão mais que a aids. Dados apresentados ontem pela Organização Mundial da Saúde (OMS) alertam que as sociedades viverão uma transformação nas causas de morte até 2030. O relatório da OMS sobre as doenças no mundo é publicado a cada cinco anos. Segundo a entidade, as doenças cardiovasculares são as principais causas de morte no mundo, superando aids, tuberculose, malária ou mesmo homicídios.
Os dados, porém, são de 2004, último ano em que a OMS levantou informações de todos os 193 países do mundo. Naquele ano, foram 58,8 milhões de mortes. Um quinto delas foi de crianças de até 5 anos.
Em cada região do mundo, porém, as ameaças à vida são diferentes. Na África, metade das mortes são de jovens com menos de 16 anos. Nos países ricos, apenas 1% das mortes envolve essa parcela da população, porque a maior parte é de pessoas com mais de 60 anos. Anualmente, 10,4 milhões de crianças morrem no mundo metade delas na África.
Na liderança absoluta das causas de morte estão os ataques cardíacos, responsáveis por 12% das vítimas, seguidos por acidente vascular cerebral (AVC), com 9,7%. Em terceiro lugar estão as doenças respiratórias. Em 2030, porém, a situação será diferente. A mortalidade deve cair, em especial para doenças transmissíveis, como aids e malária.
Em 2004, 2 milhões de pessoas morreram de aids. O número deve atingir 2,4 milhões em 2012, mas com campanhas, acesso a remédios e programas de ajuda, a tendência será revertida.
Hoje, a aids já não está entre as dez maiores causas de morte nos países ricos nem nos de renda média, como o Brasil. Já nos países mais pobres, é a quarta maior causa.
No total, portanto, a aids era a sexta maior causa de mortes no mundo em 2004. Em 2030, cairá para o décimo lugar. Até lá, os óbitos por acidentes de carro vão aumentar de 1,3 milhão para 2,4 milhões. Os acidentes passarão a ser o quinto maior responsável pelas mortes.
Outro fator importante será o envelhecimento das populações, resultante do desenvolvimento econômico. As doenças não transmissíveis serão responsáveis por 75% das mortes no mundo. O câncer passará de 7,4 milhões de vítimas em 2004 para 11,8 milhões em 2030.