A onda de ataques ocorrida no último fim de semana alterou a rotina de Londrina, no Norte do Paraná. Dados preliminares apontam que o índice de homicídios triplicou na cidade: pelo menos 20 pessoas foram assassinadas em janeiro, ante seis no mesmo período do ano passado. Enquanto um clima de medo paira sobre os moradores, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) deflagrou uma força-tarefa, nesta segunda-feira (1º) para coibir novos casos e elucidar os já ocorridos.
A série de mortes começou depois que o soldado Cristiano Luiz Bottino, de 33 anos, foi assassinado a tiros disparados por homens que estavam em uma motocicleta. Em seguida, outros dez homicídios foram registrados na região de Londrina. A tensão no município foi ampliada na madrugada de sexta-feira (29), quando cinco presos fugiram da Casa de Custódia (CCL).
Para tentar coibir novos casos e elucidar os já ocorridos, a força-tarefa da Sesp trouxe um reforço de 80 policiais e dois delegados, que contam com monitoramento em tempo real de câmeras de segurança. A operação deve se estender pelos próximos dez dias, com ações pontuais estratégicas, como barreiras e abordagens a pessoas e veículos.
A presença policial, no entanto, não foi capaz de afastar a intranquilidade da população. Representantes da sociedade civil e comerciantes ressaltaram a atmosfera de tensão, impulsionada por boatos sobre toques de recolher e novos confrontos. Enquanto isso, circulam pela internet e aplicativos de celular vídeos e áudios que teriam sido gravados por criminosos.
“O clima está favorável para novos crimes. A sociedade está cobrando uma resposta, um programa de segurança pública. O que foi feito até agora, não teve resultados”, disse a presidente da comissão de direitos humanos da Câmara de Londrina, vereadora Lenir de Assis.
Como resultado deste clima, as ruas ficaram quase desertas na noite de sábado (30). Alguns estabelecimentos comerciais, principalmente bares e restaurantes, fecharam mais cedo ou sequer funcionaram. Na Vila Cultural Cemitério de Automóveis, um evento beneficente acabou adiado.
“O setor foi atingido. O medo tomou conta da cidade e as pessoas não saíram de casa. Acredito que a situação foi pontual, mas as autoridades precisam adotar uma postura, mostrar que estão no controle, que dão condições de segurança para as pessoas saírem de casa”, disse o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Alexandre Guimarães.