Confira quais são as atividades mais vulneráveis ao risco de desenvolver câncer| Foto:

Agentes de risco

Confira a lista completa de possíveis causadores de tumores a que profissionais estão expostos no ambiente de trabalho:

Ácido sulfúrico, acrinonitrila, agrotóxicos, amianto, aminas aromáticas, antineoplásicos (quimioterápicos), arsênico, asfalto, benzeno, benzidina, butadieno, cádmio, campos magnéticos, chumbo, compostos halogenados, compostos orgânicos voláteis, cloreto de vinila, cromo, dioxinas, emissão de forno de coque e de gases combustíveis, epicloridina, estireno, formaldeído, fuligem, fumo, hormônios, HPA (hidrocarboneto policíclico aromático), herbicidas, inseticidas não arsenicais, manganês, mercúrio, níquel, óleos, ondas e campos eletromagnéticos, óxidos de metais, petróleo, radiação, sílica, solventes, urânio, vapores de combustíveis fósseis, poeira de (metais, madeira, couro, cimento, cereais, tecidos, construção civil, carvão, quartzo e cimento) e gases de (amônia, óxido de nitrogênio, dióxido de cloro e enxofre).

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Dos 500 mil casos de câncer registrados todos os anos, pelo menos entre 20 mil e 25 mil estão relacionados à ocupação do paciente. Um levantamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca) lista 19 tipos de tumores malignos – entre eles os de pulmão, pele, fígado, laringe e leucemias – que podem ser provocados pela exposição a produtos químicos e falta de equipamentos de segurança adequados. Os dados fazem parte do estudo Diretrizes para vigilância do câncer relacionado ao trabalho, divulgado ontem.

Essa estimativa pode ser conservadora – leva em conta pesquisas europeias, que apontam que 4% dos novos tumores são ligados à ocupação. "Considerando o ambiente de trabalho, maquinários obsoletos, processos ultrapassados, os trabalhadores brasileiros estão ainda mais expostos que os europeus. Em alguns tipos de tumor, podemos trabalhar com uma proporção de 8% a 16% dos novos casos", ressalta Ubirani Otero, coordenadora do estudo e responsável pela Área de Vigilância do Câncer Relacionado ao Trabalho e ao Ambiente do Inca.

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O documento recomenda, como principal estratégia para a redução do número de tumores malignos, a eliminação da exposição aos agentes causadores. Além de listar os cânceres ligados ao trabalho, relaciona os produtos cancerígenos e a atividade econômica a que está ligado, como a de cabeleireiros, agricultores profissionais, da construção civil, indústria do petróleo, entre outras.

Aponta ainda a dificuldade de se obter dados a respeito da ocupação dos pacientes. Ubirani levantou, por exemplo, estatísticas sobre câncer de bexiga, a partir do cadastro Integrador de Registros Hospitalares de Câncer, entre 2008 e 2010. Nesse período, hospitais relataram 2.426 casos da doença – em 46,2% não havia informações sobre o tipo de trabalho exercido.

"Não basta saber a ocupação atual, mas também a atividade pregressa. Só com informações corretas vamos conseguir relacionar câncer à ocupação. O Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde) tem apenas 128 registros de câncer relacionado ao trabalho. É preciso melhorar esse dado", afirma Ubirani. O estudo propõe a adoção de um questionário ampliado sobre a ocupação e o tempo de serviço na atividade de risco.

O professor de Epide­mio­logia da Universidade de São Paulo Victor Wünsch defende que o governo defina metas para a redução dos riscos no trabalho. "Desses casos ligados à ocupação, estima-se que metade sejam pacientes com câncer de pulmão. É extremamente grave porque não temos tratamentos eficazes, até o momento, para esse câncer. Temos de fazer a prevenção desses casos", afirmou.