Pela primeira vez, o Sistema Único de Saúde (SUS) recebe notas pelo acesso e a qualidade dos serviços prestados. Lançado ontem pelo governo federal, o Índice de Desempenho do SUS (Idsus) avalia o atendimento na rede pública em todos os municípios, estados e em âmbito nacional de acordo com uma escala que varia de 0 a 10. Na primeira avaliação, a pontuação do Brasil foi de 5,47.
O Paraná ficou em segundo lugar no ranking dos estados e Curitiba, na segunda posição entre o grupo de cidades com melhor infraestrutura e condições econômicas.
O índice será reavaliado a cada três anos e é resultado do cruzamento de 24 indicadores (leia mais ao lado). Entre os estados, o ranking é liderado por Santa Catarina (com nota 6,29). Com a segunda melhor avaliação está o Paraná (6,23), seguido do Rio Grande do Sul (5,9). Entre as regiões, o Sul ficou no topo da lista, com nota 6,12. Na sequência aparecem Sudeste (5,56) e Nordeste (5,28).
Entre os municípios, Curitiba também garantiu a segunda posição no Grupo 1 (com pontuação 6,96), atrás apenas de Vitória (7,08) e à frente de Florianópolis (6,67). O ranking das cidades foi elaborado a partir da separação em seis grupos, levando em conta o tamanho do município, sua condição econômica e a estrutura de saúde disponível.
Para o vice-presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), José Fernando Macedo, os bons resultados são fruto do investimento em saúde no Paraná e, especialmente, em Curitiba. "Os resultados são bons por refletirem a valorização da formação dos profissionais que temos por aqui. Em Curitiba, por exemplo, os pacientes são atendidos nos postos de saúde por médicos especialistas, profissionais aprovados em concurso e que têm uma formação específica para atender àquele caso. Isso garante qualidade de atendimento e diminuição de custos", avalia.
Como os dados utilizados foram coletados no período da gestão anterior (entre 2008 e 2010), a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) preferiu não comentar as possíveis ações que teriam alçado o Paraná ao segundo lugar. Entretanto, a chefe de gabinete da Sesa, Maria Goretti Lopes, afirma que a intenção é melhorar a posição do estado no Idsus. "Não vamos medir esforços e já pautamos no nosso mapa estratégico que o estado deve ser referência em saúde pública para o país", diz. Para ela, os trunfos da saúde pública paranaense são a organização das redes de atenção à saúde e o financiamento.
A organização do sistema de saúde também é o ponto forte de Curitiba, segundo a secretária municipal de Saúde, Eliane Chomatas. Mas, de acordo com ela, ainda há muito a melhorar. "Temos de continuar aprimorando o sistema, assim como todo o país. Como a cobertura é grande, ainda faltam profissionais e há alguns gargalos que precisam ser consertados", explica.
Caminho certo
Apesar da boa colocação no ranking, José Fernando Macedo, da AMB, explica que vale um "puxão de orelhas". "Uma nota 6 pode até ser honrosa, mas não é suficiente para passar de ano", exemplifica. Mesmo assim, ele garante que tanto Curitiba quanto o Paraná estão no caminho certo para chegar à primeira colocação. "Falta pouco para isso. Com mais investimentos em saúde pública e, especificamente, na prevenção de problemas de saúde, vamos conseguir fazer campanhas maciças, conscientizar a população, tornar o atendimento ainda mais acessível e melhorar esse índice", diz.
Serviço:
Para consultar os dados completos do Idsus, o site é www.saude.gov.br/IDSUS.