Toda noite, forma-se uma fila na porta do Centro Comercial Itália (CCI), onde fica o Consulado Italiano em Curitiba. E não só de gente do Paraná e Santa Catarina, que são atendidos oficialmente pelo consulado. É comum encontrar gente de outros estados, como paulistas à espera de atendimento.
No dia em que a reportagem da Gazeta do Povo esteve no local, às 22 horas de terça-feira da semana passada, ninguém estava em busca de serviços para si, mas para parentes ou amigos que já estão na Itália, adiantando o processo de obtenção de cidadania italiana. Mais especificamente, procuravam o carimbo do consulado na documentação traduzida para o italiano, essencial no processo.
Por dia, seis pessoas da fila são atendidas no consulado até 2005, eram dez. Com o atendimento apertado, algumas pessoas chegam a ficar dias em frente ao CCI, dormindo no pequeno vão da portaria. Foi o caso de um rapaz de Criciúma (SC), que trazia documentos da irmã que está em Verona, mas não quis se identificar. Segunda-feira, ele havia chegado às 6 horas no CCI, onde já havia mais de seis pessoas na fila. Na terça-feira, novamente não conseguiu ser atendido. "Era o sétimo e não me atenderam." Imediatamente, às 9 horas de terça, horário em que o consulado abre, o rapaz desceu novamente à portaria. Agora, era o primeiro da espera do atendimento de quarta-feira.
Nesse período, o rapaz ganhou um cobertor de outra pessoa que estava na fila até então, ele dormia direto no chão, sem colchão, nem travesseiro. Banho ele tomou na terça-feira porque um amigo hospedado num hotel o convidou. "Não dá para ficar em hotel, senão perco a vaga. Tem que ficar direto aqui até ser atendido", comentou.
As próprias pessoas que ficam na fila toleram um intervalo de uma hora e meia de ausência. "É um tempinho para comer e fazer a higiene pessoal. Passou disso, perde a vez", revelou outro rapaz de Curitiba, que está ajudando amigos que estão na Itália. Ainda segundo ele, há pessoas que estão pagando até R$ 50 por um lugar na fila. "A culpa não é dos funcionários, pois realmente há pouca gente para atender", argumentou.