Simpósio em Curitiba discute temas sobre o Transtorno do Espectro Autista.| Foto: Mariê Muller/Divulgação

O poder público precisa mostrar capacidade de planejamento e de execução a longo prazo para conseguir dar conta do autismo. A declaração é do médico psiquiatra alemão Harald Sturm, que trabalha há 30 anos com o Transtorno do Espectro Autista na Suécia, onde mora. Sturm está em Curitiba, onde participa do 2º Simpósio Regional sobre Autismo, que iniciou nesta sexta-feira (24) e terá seu segundo dia neste sábado (25), no Salão de Atos do Parque Barigui. Na segunda-feira (27), o médico segue com outra palestra na Jornada do Centro Conviver, no Colégio Opet, acompanhado da palestrante e assistente social Cláudia Chaves Martins, que também trabalha em um Centro de Atendimento ao Autismo em Estocolmo, Suécia.

CARREGANDO :)

Sturm comparou Estocolmo a Curitiba, pois ambas têm o mesmo número de habitantes, e explicou que por aqui o diagnóstico tem sido feito muito tardiamente, o que compromete a possibilidade de evolução das pessoas com autismo. Na Suécia, o centro em que o médico trabalha atende crianças de 0 a 3 anos, idade ideal para a intervenção. Depois dessa etapa, outra estrutura de saúde assume o acompanhamento. “O autismo não é doença e precisa ser enfrentado de forma precoce. Todos precisam trabalhar para diminuir o sofrimento dessas pessoas, com intervenção precoce, adaptação do meio ambiente e programas pedagógicos adaptados,”, afirmou durante a palestra, na manhã desta sexta-feira (24).

Caminhada

Famílias de pessoas com autismo, professores e profissionais da área da saúde encerram o evento com uma caminhada simbólica pelo Parque Barigui, a partir das 16 horas deste sábado, lideradas pela associação União de Pais Pelo Autismo (Uppa), ao final haverá sorteio de brindes e as crianças vão soltar balões azuis a gás.

Publicidade

Cláudia, que trabalha diretamente com o atendimento de famílias impactadas pelo autismo, falou sobre o modelo sueco de atendimento e sobre a lei que garante proteção a todas as famílias, incluindo modificações para tornar a residência segura, cursos constantes para familiares e até residências próprias permanentes e temporárias para que adultos com autismo possam desenvolver sua autonomia e para que as famílias possam descansar. O modelo de atendimento também é diferente: os pais não precisam levar seus filhos em clínicas, já que boa parte dos atendimentos é feita dentro da própria casa da família. “Todas as pessoas com autismo têm habilidades para desenvolver e aprender, se a elas são oferecidas a chance sob condições adequadas e com os ajustes apropriados. E não é muito complicado, pequenos e simples ajustes psico-pedagógicos podem ajudar significativamente”, disse.

O evento

No simpósio, com o tema “Uma Nova Dimensão para o Autismo”, também foram organizadas mesas redondas e palestras com a participação de profissionais de instituições da sociedade civil e do poder público que atendem pessoas com autismo.