Candidatos já tiveram problemas na Justiça
Os dois candidatos que disputam a presidência do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) têm ou já tiveram problemas com a Justiça. No último dia 31, Denílson Pires (atual presidente e candidato à vice), Valdecir Bolette (candidato à presidência) e Valdenir Dias (advogado do sindicato) foram presos sob suspeita de desvio de verbas do Sindimoc, na ordem de R$ 10 milhões, desde a fundação do sindicato. Os três foram soltos dias depois e se declaram inocentes.
O candidato da oposição, o motorista e ex-polical militar Anderson Teixeira, já foi condenado a cinco anos e quatro meses de prisão por participação em um roubo. Anderson foi preso no município de Palmeiras, nos Campos Gerais, em 1999, junto com outro soldado. Anderson e mais três policiais, lotados na Companhia de Choque da PM na época, teriam assaltado a residência de um proprietário de um guincho da cidade. O grupo de policiais foi acusado de roubar dinheiro, objetos da casa e uma camionete F-1000. A vítima do crime reconheceu Anderson e outros acusados, de acordo com o auto de prisão em flagrante.
O ex-policial cumpriu parte da punição em regime fechado e, no dia 29 de agosto de 2003, recebeu um indulto e o restante da pena foi perdoada. De acordo com Anderson, ele foi injustiçado, pois não cometeu o crime. "Fui injustiçado por uma coisa que não cometi, até por não ter tido condições de contratar um bom advogado. Fui indultado e ganhei o perdão da pena. Não devo nada à Justiça. Desde então, venho trabalhando como motorista. Sigo a minha vida honestamente", declarou à Gazeta do Povo há quase duas semanas.
O candidato de oposição à presidência do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Anderson Teixeira, 33 anos, escapou de um atentado a tiros na noite do último sábado. Ele teria sido alvo de quatro disparos quando chegava em casa, no bairro Sítio Cercado, por volta das 23 horas, mas nenhum o acertou. O caso ocorre cinco dias antes das eleições na entidade, marcada por denúncias e polêmicas.
De acordo com Teixeira, ele estava acompanhado do irmão, Alcenir Teixeira, e tinha acabado de chegar para buscar a esposa, grávida de sete meses. Por questões de segurança ele afirma que a casa vinha sendo rondada há alguns dias , o casal iria dormir fora. Alcenir aguardava no carro, enquanto Teixeira abria o segundo portão de casa. Neste momento, ele teria ouvido ser chamado pelo nome. "Eu olhei e já escutei os tiros. Joguei-me direto no chão da garagem", conta.
Segundo a vítima, dos quatro disparos, dois acertaram o carro e os outros quebraram o vidro da janela da sala. A esposa dele estava em outro cômodo e não foi atingida. Alcenir, que aguardava dentro do carro, também escapou ileso. "Só consegui ver que era um carro escuro, mas não deu tempo de ver rosto, nada", diz Teixeira.
Vizinhos dele confirmam que a casa vinha sendo vigiada nos últimos dias. Um deles, em entrevista à reportagem, conta que estava acordado e ouviu o barulho dos disparos. "A impressão que deu foi que os tiros foram dentro da minha casa. Eu estava próximo da janela. Depois que ouvi os tiros,corri para ver e vi um carro tipo Gol ou Palio, cor chumbo, já na esquina", afirma.
Segundo Teixeira, a Polícia Militar, a perícia e uma equipe da Delegacia de Homicídios estiveram no local na noite de sábado. A sala de imprensa da Polícia Militar não confirma o registro da ocorrência, mas a delegacia informou que foi aberta uma investigação. Nenhum outro detalhe foi divulgado.
Bate-chapa
O atentado aconteceu cinco dias antes do pleito que elegerá a nova diretoria do Sindimoc. A chapa de Anderson Teixeira concorre contra a chapa da atual diretoria que tem o atual tesoureiro do sindicato, Valdecir Bolette, como candidato à presidência, e o vereador Denílson Pires, atual presidente, como candidato a vice.
Teixeira disse que prefere não acreditar que o atentado esteja relacionado à disputa. "Não quero acreditar que tenha relação com a disputa, mas não tenho nenhum desafeto, nenhum inimigo, não tive nenhuma briga de trânsito e a morte do meu pai, quando era candidato da oposição do sindicato, até hoje não foi esclarecida", afirmou. Mesmo temendo pela própria vida e de seus familiares, ele diz que não vai desistir do pleito. "Meu pai ficou calado, mas eu não vou me calar", declarou.
Teixeira é filho de Almir Teixeira, o "Zico", 53 anos, que era secretário do Sindimoc e foi morto a tiros em fevereiro do ano passado, quando chegava em casa, no bairro Xaxim. Zico dizia ter descoberto irregularidades no sindicato e ameaçava denunciar. Ele teria gravações de reuniões do Sindimoc que comprovariam as denúncias.
Na semana passada, as gravações foram encontradas pela mãe de Anderson e entregues ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público. As denúncias dão conta de um acerto entre o sindicato e uma fornecedora de cestas básicas para os funcionários das empresas de ônibus. As cestas continham produtos inferiores e não sofriam a devida fiscalização pelo sindicato, que em troca recebia R$ 120 mil por mês. As gravações ainda mostram conversas entre os dirigentes do Sindimoc a respeito de funcionários fantasmas.
Além da morte de Zico, o Gaeco também investiga o assassinato de outro presidente da entidade, Aristides da Silva, o "Tigrinho", ocorrido em 1998. Tigrinho foi morto a tiros em Itapoá, Santa Catarina, em seu bar.
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