Azambuja estuda provas
Jail Benites de Azambuja publicou em março de 2007 o livro Produção da prova pela polícia: da licitude da atividade policial.
A proposta da obra é esclarecer dúvidas sobre a coleta de provas, para ajudar a ação da polícia.
Ironicamente, nos dois atentados contra juízes federais em Umuarama as provas que restaram foram algumas cápsulas de projéteis de vários calibres. (ON)
Umuarama - O juiz Jail Benites de Azambuja, da 2ª Vara da Justiça Federal, em Umuarama, Noroeste do estado, foi detido na tarde de sábado, na casa em que mora com a família, e trazido de avião pela Polícia Federal para o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil, em Curitiba.
Azambuja sofre dupla investigação: ele é suspeito de ter forjado um atentado contra si mesmo, dia 28 de fevereiro passado, e de estar envolvido nos tiros disparados contra a casa do também juiz federal em Umuarama, Luiz Carlos Canalli, dia 19 de setembro último.
As duas investigações tramitam em segredo de Justiça, por isso a Polícia Federal não quis comentar o caso, apenas confirmando o cumprimento dos mandados de prisão, busca e apreensão na residência de Azambuja.
Policiais federais à paisana passaram toda a tarde de sábado nas proximidades da casa do suspeito, sem confirmar se tratar de uma operação especial. Apesar da movimentação, parentes e amigos do juiz chegavam o tempo todo, alguns até com presentes, dando a entender que haveria uma confraternização no local. Por volta das 18 horas, Azambuja foi levado para o aeroporto de Umuarama, cuja entrada ficou restrita a policiais.
O estopim para a prisão do juiz ocorreu a partir dos tiros disparados na casa de Canalli, dias antes. Na ocasião, Canalli anunciou que daria uma coletiva à imprensa, ponto às claras informações importantes sobre o caso. "Eu sei de muita coisa que aconteceu e vou contar tudo", disse. Mas o juiz não não se pronunciou até agora, resumindo-se a dar pistas de que os tiros disparados na casa de Azambuja, em fevereiro, teriam ligação com os disparados contra sua casa.
Caso Azambuja
Os disparos de pistola contra a casa do juiz Jail Benites de Azambuja, no início do ano, atingiram um carro da Justiça Federal que acabara de ser estacionado pelo próprio juiz. Ninguém ficou ferido. O próprio Jail participou das investigações e, uma semana depois, determinou a prisão de nada menos do que 47 suspeitos do atentado, entre policiais civis, militares e políticos. Sobre o grupo pesava também envolvimento com contrabando. Dias depois, os 47 foram soltos por falta de provas.
A Polícia Federal investiga se os tiros de fevereiro não teriam sido usados como uma mera artimanha para Azambuja justificar a expedição dos mandados de prisão contra o grupo de policiais suspeitos de envolvimento com o crime organizado.
Caso Canalli
Um novo atentado, dessa vez contra Canalli, gerou um quebra-cabeça para a Polícia Federal. Aparentemente, não há relação entre os dois casos, já que Canalli, diferentemente de Azambuja, não atuava em processos contra integrantes do crime organizado. Uma das hipóteses é de que Azambuja responsabilize o colega de ofício pela descoberta da fraude do atentado de fevereiro.
O próprio Canalli declarou não entender a razão dos tiros. Garantiu que não sofria ameaças e nunca foi incomodado na residência onde vive. Ali, o muro é baixo, não há câmeras ou seguranças armados. O juiz também se diz um homem de hábitos pacatos: o máximo que faz quando não está em serviço na Justiça Federal é cuidar de um sítio de 40 alqueires que possui em Xambrê, distante 30 quilômetros de Umuarama.
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