Polêmica

Promotoria questiona rapidez de estudos ambientais da obra

A Promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual apura como em menos de um ano a Cetric fez estudos ambientais e conseguiu aval do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para realizar a audiência pública para a abertura do aterro industrial.

Segundo a promotora Solange Vicentin, o processo da Cetric "corre a galope" enquanto outros empreendimentos em Londrina demoram anos para chegarem ao mesmo passo de licenciamento. "Falta transparência e sobra pressa. O órgão ambiental deveria ter sido consultado antes da aquisição da área. Além disso, não vejo com bons olhos um aterro para resíduos classe 1 naquela região."

A promotoria deve pedir, em breve, uma análise sobre os estudos feitos pela empresa e não descarta uma ação judicial contra o empreendimento.

Segundo a assessoria de imprensa do IAP, a audiência pública está mantida.

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96 hectares é a área adquirida pela Cetric para instalar o aterro industrial.

A um passo de concluir a burocracia para abrir um novo aterro industrial de resíduos em Tamarana, a 56 km de Londrina, no Norte do Paraná, a empresa prestadora de serviços na gestão de resíduos industriais Cetric, de Chapecó (SC), enfrenta resistência de moradores e do Ministério Público para se instalar em área às margens da PR-445.

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No domingo, agricultores fizeram uma manifestação com tratores pelas ruas de Tamarana. Nesta quinta, está marcada a última audiência pública sobre o assunto com a comunidade local – etapa obrigatória para a empresa obter a Licença Prévia (LP).

A Cetric comprou 96 hectares de terra na zona rural de Tamarana. O objetivo é montar uma central capaz de aterrar, ao mês, até 18 mil toneladas de resíduos classes 1 e 2 (lixo doméstico, comercial, hospitalar, reciclável, rejeitos, materiais combustíveis e contaminantes da construção civil). Entre os classe 1, estão materiais inflamáveis, corrosivos, tóxicos e patogênicos.

Os moradores dizem que a instalação da empresa vai prejudicar a produção agrícola da região. Fábio Augusto Romero, vizinho da área, é produtor de sementes de soja e trigo. "O clima, a altitude e a geografia da região fazem esse pedaço de terra abençoado para produzir as matrizes de sementes que servem para a agricultura da nossa região. Não só a minha propriedade está em xeque: há plantações de hortifruti, uma boa produção de leite, frutas e alimentos orgânicos. Não são produções que convivem bem com um aterro de resíduos", argumenta. "Se a empresa é tão boa assim, qual o motivo de Cambé e Mauá da Serra não terem aceitado?"

Outro lado

Joel Ribeiro Lagos, assessor técnico da presidência da Cetric, garantiu que não há nada a temer. "Temos todos os estudos de impacto ambiental, mas as pessoas ­continuam achando que vamos enterrar chumbo. Não vamos", diz. Segundo ele, o projeto é "extremamente seguro", pois prevê que os resíduos classe 1, perigosos, fiquem enclausurados entre mantas seladas, sem contato com o solo e o ar. Parte das operações de manejo do lixo será feita em ambiente com cobertura, evitando infiltração de chuva e escorrimento de líquidos. "É um dos projetos mais modernos do Brasil."

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Para diminuir resistências, a Cetric se comprometeu a acatar a formação de uma comissão de moradores para ter acesso livre e permanente a todas às instalações da empresa. "Sabemos das resistências e levamos isso em consideração. As pessoas podem sugerir e propor o que quiserem na audiência pública. Mas adiantamos que não é uma votação sobre a abertura ou não da empresa", diz Lagos.

Serviço

A Audiência pública sobre a Cetric ocorrerá na quinta-feira, no auditório do Solipar, que fica na Avenida João Domingues Gonçalves, 644, em Tamarana.