Pelo menos duas vezes por semana, Elon Garcia acorda cedo, tira o agasalho do armário e segue para uma rotina de exercícios físicos. Aos 80 anos, o objetivo do publicitário e locutor não é apenas manter a musculatura em dia, mas preservar sua independência. Embora lógica, a relação entre a atividade física e a independência não é levada tão a sério como deveria por quem passou dos 60 anos. Garcia faz parte da pequena parcela de apenas 13% da população idosa que diz fazer exercícios físicos no Paraná, segundo levantamento do IBGE realizado no ano passado.
A rotina de Garcia, que frequenta há cinco anos uma academia de Curitiba especializada no atendimento da clientela da melhor idade, exemplifica uma preocupação crescente entre aqueles que perceberam que viverão mais que seus pais e avós: a busca pela autonomia.
“A capacidade funcional é o que mais acomete a população idosa. E é justamente a capacidade funcional, ou seja, conseguir se virar sozinho, que é o principal indicador de saúde dos idosos”, explica a presidente da Seção Paranaense da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, a médica Débora Christina Lopes.
“Há diferença entre envelhecer saudável e envelhecer fragilizado. Com o passar dos anos, as pessoas vão perdendo massa muscular, o que pode provocar diversos problemas de saúde, como aumento de gordura e hipertensão”, comenta o educador físico João Gilberto Costa Lopes. Para reverter ou até impedir esse fenômeno, o segredo é estimular a massa muscular com levantamento de peso. “Sem musculatura, a pessoa fica limitada”, resume ele.
Quem cuida do corpo também produz mais e contribui mais tempo com a sociedade. Segundo o IBGE, dos 15 milhões de idosos no Brasil, 4,5 milhões permanecem no mercado de trabalho.
Indicações
Entre as atividades mais indicadas, segundo a Débora, estão os exercícios de força. “Esse tipo de atividade fortalece os músculos”, aponta a geriatra.
A fisioterapeuta Fabiane Pessoto, que atua na área geriátrica, afirma que é fundamental aumentar a resistência para ter força muscular a fim de realizar tarefas diárias. “O idoso se torna mais confiante em realizar suas atividades de forma autônoma, recuperando, assim, sua autoestima, a capacidade física e o convívio social”, afirma.
Segredo é trabalhar em parceria com o médico e o treinador
O conselheiro do Conselho Regional de Educação Física Rafael Strugale afirma que não há idade para começar a praticar exercícios físicos. Ao contrário do que algumas pessoas possam pensar, quanto mais a idade avança mais o exercício se torna necessário. Para um bom resultado, sem que a saúde da pessoa seja prejudicada, é fundamental trabalhar de forma integrada.
Ele ressalta que antes de iniciar qualquer exercício é imprescindível a pessoa procurar um médico. “É a partir disso que os profissionais de educação física realizam uma rotina de exercícios para a pessoa. Conversar constantemente com o médico é fundamental para saber até que ponto o aluno pode ir com os exercícios, pois alguns têm problemas cardíacos e são hipertensos, por exemplo”, afirma.
Strugale afirma que é sempre preferível que os alunos com mais de 60 anos optem por um personal trainer. “O atendimento individualizado gera mais cuidado e atenção. Além disso, é recomendável que se faça uma rotina regular de atividades”, recomenda.
Aos 70 anos, Murilo se exercita até quando está trabalhando
O representante comercial Murilo Zanardini Lourenço levanta de segunda-feira a sexta-feira às 6h30. Toma café da manhã e coloca o terno e a gravata e, cedo, pega seu carro e sai pelas ruas de Curitiba para vender meias de compressão contra varizes. O representante comercial, não raras vezes, deixa o automóvel estacionado e sai a pé pelas vias curitibanas. Aos 70 anos, Murilo adora caminhar.
Outra prática que ele não deixa de lado é se exercitar. Frequentador da academia duas vezes por semana há dez anos, Murilo conta que às segunda-feira e quarta-feira, o trabalho começa um pouco mais tarde: a atividade física vem em primeiro lugar.
“Praticar exercício físico deixa a vida mais bonita, ficamos mais dispostos. O rendimento fica muito melhor”, conta. Murilo faz bicicleta ergométrica, levanta peso e se alonga durante uma hora. “Isso me deixa independente. Faço tudo sozinho”, relata.
Segundo ele, a oxigenação do organismo melhora. “Isso faz com que o humor melhore, assim como a atividade cardíaca. A vida toda, na verdade, melhora. A pessoa tem que se gostar. Eu faço isso porque me gosto. Se a gente não se gostar, é porque está tudo errado”, afirma.
Murilo quer manter a rotina de atividade física até quando puder e o mais importante: não quer passar parte da vida deitado em uma cama ou, então, dependendo dos outros para atividades diárias. “Quero viver até quando puder de forma independente e com qualidade de vida”.
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