Aproximadamente 300 pessoas foram à Praça da Espanha, no bairro Batel, em Curitiba, para realizar na noite fria desta quarta-feira (15) um ato de solidariedade ao jovem Guilherme Koerich (18), que teve a perna amputada no último sábado (12) depois de alegar ter sofrido uma agressão no James Barpor não pagar a conta. Familiares e amigos do rapaz participaram do manifesto pacífico "Segurança sim, agressão não", organizado pela rede social Facebook. O grupo rezou, fez um minuto de silêncio, soltou balões brancos com adesivos da campanha Paz Tem Voz (promovida pelo Grupo Paranaense de Comunicação - GRPCom) e comemorou o indiciamento do funcionário da casa noturna.
Apesar de mais de 2,4 mil pessoas terem confirmado a participação na manifestação, a organizadora do ato, Maria Cecília Valente, afirmou que foi positiva a quantidade de participantes. Ela comentou que a motivação do ato era defender uma regulamentação legal, com enfoque no treinamento dos profissionais de segurança em casas noturnas. "Nas redes sociais pretendemos continuar mobilizados até conseguirmos o que queremos: a regulamentação."
Entre os presentes estavam o pai e a irmã do jovem supostamente agredido no estabelecimento. "Fisicamente ele (Guilherme) está se recuperando. A questão emocional é um dano imensurável", contou emocionado Jonas Koerich, pai do garoto. "O Guilherme está profundamente chocado. Ele não queria saber de exposição. (Disse que) isso não vai me trazer nada."
Por causa da manifestação, o James Bar não funcionou nesta quarta-feira (16). "É com grande pesar que todos os funcionários deixam de trabalhar hoje [quarta], contudo, faz-se necessário por respeito à manifestação. Por fim, os fatos estão sendo esclarecidos nos meios adequados, demonstrando-se a razão dos acontecimentos", informou o comunicado divulgado pelo bar.
Indiciamento
O grupo de manifestantes comemorou com aplausos a informação dada pelo advogado Samuel Rangel, que é sócio do escritório que defende a família no caso. Ele anunciou aos presentes o indiciamento de um funcionário do James Bar, suspeito de ter agredido o estudante, pela Polícia Civil. A informação havia sido divulgada nesta quarta pelo delegado Rogério Martin de Castro, titular do 3º Distrito Policial (DP), que investiga o caso.
"Se querem levar a Justiça para o inferno é para lá que nós vamos buscar a justiça", declarou Rangel no ato. De forma mais pacífica, outras pessoas afirmaram que foram à praça para prestar solidariedade ao jovem. "Eu estudei com ele e vim dar uma força", disse o estudante Igor Guinart, de 18 anos.
Uma das pessoas a se manifestar durante o ato foi Josiane Vieira. Ela alegou ser mãe de um jovem que teria sido mantido em cárcere privado no bar na mesma noite em que Guilherme teria sido agredido pelos seguranças porque o rapaz teria perdido a comanda. "Ele me ligou as 5 horas da manhã dizendo que estavam cobrando R$ 200. Ele havia pagado R$ 18 da comanda. E colocou a carteira no bolso e foi assaltado." Segundo ela, depois de negociar, o bar teria aceitado o pagamento de R$ 100. Os documentos do filho dela teriam sido encontrados em um hotel da cidade.
Não foi possível conversar com ninguém do James Bar na noite desta quarta-feira para que a nova denúncia contra o estabelecimento fosse comentada.
Vida e Cidadania | 2:44
Amigos e familiares do estudante que teve a perna amputada protestaram contra a violência em casas noturnas e pediram paz. Após discursos, o grupo rezou, fez um minuto de silêncio e soltou balões brancos.